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Covid-19: Segunda vaga com “ritmo recorde” de 22 mil casos diários em África

A segunda vaga da pandemia de covid-19 em África está a alastrar a um "ritmo recorde", com quase metade do total de casos declarados desde Outubro, a uma média de 22 mil novas infecções diárias.

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De acordo com uma análise do Africa Center for Strategic Studies, com sede em Washington, baseada em dados da Universidade Jonhs Hopkins, 28 dos 54 países africanos tem vindo a reportar, desde 1 de Outubro, um número crescente de casos de semana para semana.

"Esta tendência resultou numa média de 22 mil novos casos diários em Dezembro, eclipsando o pico de 18 mil registados durante a primeira vaga da pandemia em Julho", adianta o Africa Center for Strategic Studies.

Aponta, por outro lado, que "quase metade (46 por cento) do total de casos registados no continente foram reportados desde Outubro" e que 93 por cento dos declarados na segunda vaga estão concentrados em 15 países.

África do Sul e Marrocos, países com as melhores capacidades de testagem no continente, continuam a registar o maior número de casos, no entanto, países como Angola, Tunísia, Botswana, Uganda, Eritreia e Burkina Faso tiveram "aumentos acentuados durante a segunda vaga", ainda que o acumulado de casos notificados permaneça relativamente baixo.

Angola regista 413 óbitos e 17.864 casos, 71 por cento dos quais foram notificados a partir de 1 Outubro, sendo o quarto país africano com maior taxa de positividade da doença, a seguir da Tunísia, Líbia, Marrocos e África do Sul.

"Isto significa que o número real de casos é provavelmente muito superior ao que está a ser identificado pelos actuais níveis de testes", estima o centro, acrescentando que apenas 10 países concentram mais de 75 por cento do total de testes realizados no continente.

Países com populações relativamente mais antigas, maior exposição internacional, e sistemas de saúde pública mais fortes para a realização de testes têm reportado consistentemente um maior número de casos.

Moçambique, com 172 mortos e 19.667 casos, viu 53 por cento do seu total de casos reportados na segunda vaga, enquanto em Cabo Verde (113 mortos e 12.052 casos) 49 por cento dos casos foram declarados desde Outubro.

Guiné Equatorial (86 mortos e 5286 casos), Guiné-Bissau (45 mortos e 2455 casos) e São Tomé e Príncipe (17 mortos e 1025 casos) têm percentagem de notificação de casos na segunda vaga entre 5 por cento e 10 por cento.

A análise aborda também as mutações do novo coronavírus detectadas na África do Sul e no Reino Unido em Dezembro, considerando que, no país africano, é a nova estirpe que está a impulsionar a segunda vaga.

"Embora a virulência destas novas variantes ainda esteja por ver, convém recordar que a segunda vaga da pandemia da gripe espanhola, há um século, foi mais disseminada e letal em África do que a primeira", adianta.

O Africa Center for Strategic Studies nota, por outro lado, uma correlação entre os "baixos níveis de transparência governamental ou de democracia" com "testes e números de casos mais baixos", destacando o exemplo da Tanzânia que não faz testes nem notifica casos.

"Esta opacidade torna difícil conhecer a verdadeira extensão da segunda vaga", ressalva a análise, que aponta igualmente mudanças nos padrões de exposição ao vírus.

"Os países com populações rurais de dimensão considerável, como os da região do Sahel, registaram algumas das taxas de crescimento mais rápidas durante a segunda vaga, o que sugere que o vírus está a espalhar-se para além dos países com exposição internacional significativa", refere.

O centro sublinha que as estratégias de saúde pública de países como o Senegal, Nigéria, Gana e África do Sul "mitigaram" os efeitos da primeira vaga, mas os enormes recursos necessários para combater a pandemia "exacerbaram a fragilidade em muitos países africanos".

"Esta fragilidade, combinada com sistemas de saúde pública esgotados, poderá tornar a segunda onda mais ameaçadora do que a primeira", afirma.

De acordo com os analistas, sem um programa de vacinação bem-sucedido conduzido em paralelo com o resto do mundo, a covid-19 poderá tornar-se uma doença endémica em África, "criando oportunidade para uma mutação ainda maior e retardando os esforços para erradicar o vírus globalmente".

África registou desde o início da pandemia um total de 69.863 mortes e 2.914.668 casos de covid-19 e 2.395.289 doentes recuperados, segundo dados do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (África CDC).

A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.884.187 mortos resultantes de mais de 87,1 milhões de casos de infecção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

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