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BFA: descida da taxa de juro é “sinal ao mercado” sobre mais descidas

O gabinete de estudos económicos do Banco Fomento Angola (BFA) considerou que a descida das taxas de juro pelo banco central serve como "sinal ao mercado" de que poderá haver mais descidas este ano.

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"A decisão serve sobretudo como um sinal ao mercado de que existe uma intenção de descida de taxas, e de futuro alívio da política monetária", lê-se numa nota sobre a descida da Taxa BNA de 16,5 por cento para 15,75 por cento, anunciada no Domingo. 

A descida, admitem os analistas do BFA na nota enviada aos clientes, e a que a Lusa teve acesso, "contraria a expectativa generalizada de alguns analistas de que o BNA poderia não mexer na política monetária nesta primeira reunião do ano, antes de saber sobre o andamento da inflação no primeiro mês do ano, altura em que algumas actualizações de preços e salários podem criar alguma pressão nos preços". 

No entanto, acrescentam, a descida é justificada "com a redução da inflação em 2018 (que terminou o ano significativamente abaixo das expectativas do Governo e de várias entidades, como o FMI), e com a quebra acentuada da base monetária, variável operacional da política monetária", o que significa que "o BNA entende que a sua política monetária é transmitida essencialmente através da redução ou aumento da base monetária, e que esta, ao reduzir-se 10,71 por cento nos últimos 12 meses, estará a traduzir-se numa política monetária mais restritiva do que o desejado".

Ao reduzir a taxa de juro, o banco central "pretende que isto leve a uma descida das taxas de juro na banca, aumentando por essa via a 'criação de moeda' por parte dos bancos", adiantam os analistas do gabinete de estudos do BFA.

Apesar de a descida fomentar a actividade económica ao tornar mais barato o financiamento da economia, o BFA salienta que, "na actual conjuntura, devido à situação de alguns bancos e ao ambiente económico mais negativo para as empresas, a taxa de juro não é o único constrangimento à concessão de crédito" e aponta que "uma mexida nos coeficientes de Reservas Obrigatórias teria mais influência".

No comunicado divulgado no Domingo, o banco central anunciou também que manteve inalterados os coeficientes das Reservas Obrigatórias em moeda nacional (17 por cento) e estrangeira (15 por cento). 

"Tendo em conta esta decisão, será de esperar mais algum movimento de flexibilização da política monetária durante o ano, incluindo possivelmente alguma descida nas reservas obrigatórias", adiantam os analistas, prevendo uma nova descida na reunião do comité de política monetária de Março ou na de Maio "caso a inflação continue a descer".

Para o BFA, a decisão do banco central surge também alicerçada no Programa de Financiamento Ampliado que o Governo assinou em Dezembro com o Fundo Monetário Internacional (FMI), no valor de 3,7 mil milhões de dólares.

"O acordo entre as autoridades e o FMI realça a necessidade de manter uma política monetária restritiva, embora mencione também um papel de suporte à recuperação económica. Parece-nos que, tendo em conta o efeito negativo da diminuição da massa monetária no desempenho económico, o BNA pretendeu sinalizar que é sua intenção continuar a flexibilizar a política monetária, tanto quanto o permitido pelo percurso da inflação, objectivo principal do banco central", afirma o BFA.

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