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Kwanza perde oito por cento face ao euro no arranque do regime flutuante cambial

O kwanza sofreu esta Terça-feira uma depreciação de oito por cento face ao euro, a primeira desvalorização em quase dois anos, resultado do novo regime flutuante cambial em vigor, segundo dados do Banco Nacional de Angola (BNA).

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De acordo com informação do BNA a que a Lusa teve acesso, a compra de cada euro ficou cotada, à taxa de câmbio oficial, nos 200,939 kwanzas, face aos anteriores 186 kwanzas, enquanto o dólar, igualmente na compra, aumentou 1,1 por cento, passando a custar 167,897 kwanzas, contra os anteriores 166 kwanzas.

Esta depreciação do kwanza resulta da aplicação das novas regras cambiais, pela primeira, em leilão de divisas (euros) por parte do BNA à banca comercial, e quando as Reservas Internacionais Líquidas do país estão em mínimos históricos, de 15.000 milhões de dólares, devido à crise da cotação do petróleo.

A Lusa noticiou a 4 de Janeiro que os preços indicativos propostos pelos bancos comerciais vão passar a definir o novo regime flutuante cambial no país, conforme informação do banco central, que já definiu o intervalo de cotação deste modelo.

Em reunião extraordinária do Comité de Política Monetária (CPM) do BNA, realizada no mesmo dia, em Luanda, aquele órgão definiu "os limites mínimo e máximo da banda cambial" deste novo modelo, refere o comunicado final da sessão, a que a Lusa teve acesso, mas sem concretizar os valores.

Desde o primeiro trimestre de 2016 que a taxa de câmbio oficial definida pelo BNA estava fixa nos 166 kwanzas por cada dólar norte-americano e nos 186 kwanzas por cada euro.

Contudo, face à falta de divisas aos balcões dos bancos comerciais, o mercado de rua, que para muitos constitui a única alternativa para aceder a moeda estrangeira, desde as eleições gerais de Agosto que antecipa uma desvalorização oficial da moeda, transaccionando actualmente cada dólar a 430 kwanzas e cada euro a 510 kwanzas.

No comunicado libertado no final da reunião do CPM é explicado que o regime cambial que vigorou até à presente data consistia numa taxa de câmbio "administrada", determinada pelo BNA, "independentemente da relação entre a procura e a oferta".

"Doravante, o Banco Nacional de Angola adopta um regime cambial caracterizado pela flutuação da taxa de câmbio dentro de um intervalo, com um limite máximo e um limite mínimo. Esse intervalo é denominado de banda cambial", acrescenta.

Embora sem concretizar valores dos limites à taxa de câmbio flutuante, o BNA explicou que passará a organizar leilões de compra e venda de moeda estrangeira, nos quais os participantes, caso dos bancos comerciais, indicarão o preço (taxa de câmbio) para a compra ou venda de moeda estrangeira.

"A média ponderada dessas transacções será publicada no portal institucional do BNA, como a taxa de câmbio de referência. Ou seja, doravante, a taxa de câmbio passa a ser determinada pelas transacções que ocorrem, em leilão, no mercado primário", explica ainda.

Após fazer uma "análise do comportamento dos fundamentos macroeconómicos da economia angolana" e da "tendência decrescente das reservas internacionais", além de ter "presente o actual desequilíbrio entre a oferta e procura de divisas", o CPM "definiu limites máximo e mínimo da banda cambial".

O governador do banco central disse anteriormente que a moeda não vai ser desvalorizada por acção do Governo, mas deverá sofrer uma depreciação face a outras moedas, consequência do novo regime cambial, que passa da taxa fixa para flutuante.

"Quando falamos em desvalorização regra geral referimo-nos a uma intervenção administrativa da alteração da taxa de câmbio, forçando a perda do poder de compra da nossa moeda em relação a outras moedas, o que estamos a dizer é que não vamos ter desvalorização, mas deveremos ter uma depreciação", disse José de Lima Massano.

Acrescentou que quem vai ditar as novas regras é o mercado, entendendo que a probabilidade de haver uma depreciação "é grande", devido à escassez de moeda, o grande diferencial de mercado. "Nós vamos ter uma depreciação, mas que vai ser ditada pelo mercado. Vamos deixar que seja o mercado a encontrar esse novo equilíbrio", disse.

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