Conforme constatou a Lusa numa ronda pelas casas de câmbio de Luanda que ainda funcionam, estas registam na sua maioria escassez de divisas, face à procura dos clientes, nacionais e estrangeiros, sendo que algumas, ainda com alguma disponibilidade, aplicam limitações no negócio.
"No mês passado pouco ou nada vendemos e nesse mês a situação está difícil. Estamos a comercializar a nota de 100 euros no valor de 31.681 kwanzas e a nota de 100 dólares a 25.920 kwanzas. Mas estamos sem dinheiro", advertiu à Lusa uma balconista da Money Transfer, que preferiu não se identificar.
Ao câmbio oficial, definido pelo BNA, 100 dólares valem hoje 16.508 kwanzas e 100 euros correspondem a 18.447 kwanzas.
Entre os dias 26 e 30 de Dezembro, o banco central divulgou ter vendido às casas de câmbio 3,6 milhões de euros de divisas, o que já não acontecia há várias semanas. Seguiram-se mais nove milhões de euros nas duas primeiras semanas de 2017.
Contudo, e apesar das tabelas mais altas, raramente se encontra divisas nestas empresas.
"A procura tem sido grande e nós conseguimos, dentro da nossa rara disponibilidade de divisas, satisfazer os clientes", disse à Lusa um dos responsáveis da BC-Câmbios, uma das casas de câmbio do centro da cidade de Luanda.
A mesma fonte explicou que a taxa aplicada varia em função da oferta dos bancos comerciais, estando hoje a ser transaccionada a nota de 100 dólares por 29.200 kwanzas, enquanto 100 euros valem 32.200 kwanzas. Contudo, apenas quando há disponibilidade para venda, o que não é o caso.
Já a Ponto Câmbio, também no centro da cidade, apenas tem disponível para venda, pontualmente, euros, que transacciona a 30.800 kwanzas (100 euros).
"Temos divisas mas apenas euros, a nossa venda não é feita em dinheiro, mas sim por meio de um cartão. Temos convénio com um dos bancos comerciais, que disponibiliza um plafond com mínimo de 500.000 kwanzas e máximo de 1.500.000 kwanzas [2.800 a 8.400 euros], um procedimento apenas para pessoas que comprovadamente queiram viajar por motivos de saúde ou estudos", explicou à Lusa um dos técnicos de atendimento.
A escassez de divisas também é vivida na Rucâmbio, onde desde o ano passado a casa não consegue ter acesso a divisas para comercialização, apesar de anunciar a venda de cada 100 dólares a 43.500 kwanzas e de 100 euros por 49.500 kwanzas, pouco abaixo do valor cobrado no mercado de rua.
A Lusa constatou igualmente o encerramento de várias casas de câmbios em toda a cidade de Luanda.