Na inauguração os autores farão uma palestra sobre o projecto de desenhar a Angola actual tal como é, num contexto sociológico que engloba a história, a didáctica e a pedagogia tanto quanto o cuidado artístico do urban sketcher Luís Ançã e de Luís Mascarenhas Gaivão, autor do “registo angolano (luandense) da língua portuguesa”, como os autores escrevem numa nota sobre a mostra.
“Trabalhámos 15 dias em Angola, a muxima abrindo espaços de cumplicidade com o povo nas ruas da cidade (zungueiras, meninos, agentes, estudantes, mboas) ou nos recantos imprevistos do sertão e de todos os municípios da província de Luanda”, referem os autores, que apelam aos amigos “angolanos de nascimento ou angolanos pela muxima” que visitem a mostra.
A ideia é fazer desta exposição uma mostra itinerante levando-a a universidades, centros culturais, livrarias, bibliotecas, encontros literários, entre outros locais.
“Estes desenhos remetem-me à infância onde eu, como hoje, artista de só três retractos a carvão, mantenho a minha paixão pelos desenho sobre todos os temas, principalmente os relativos à minha terra, paisagens, instantâneos, tatuagens na chuva e no vento, rostos, enfim, desenhos que, como estes, gostaria de ter estado ao lado do artista para vê-lo criar e nós podermos saborear de como o artista trata as cores como se estivesse a fazer brincadeiras com o nosso arco-íris e sensibilidade de pássaros debicando estrelas”, escreve o autor Manuel Rui numa nota introdutória sobre a exposição.
Para o autor de “Quem me dera ser onda”, o mais interessante neste livro, “nestes desenhos do pulsar de Angola, é que se escreve a (...) idiossincrasia pela palavra que o escritor ondula numa simplicidade poética que se mistura com os desenhos”. “Na pré-história os desenhos envolviam mistérios, estes, agora, envolvem uma montanha de feitiços de bem-fazer”, acrescenta Manuel Rui.
Na Atmosfera m, a mostra vai estar patente até 23 de Fevereiro.