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Ano de 2024 marcado por inflação histórica e visita de Biden a Angola

A primeira visita de um Presidente dos Estados Unidos da América e o início dos voos com passageiros no novo aeroporto internacional de Luanda marcaram 2024 em Angola, num ano em que a inflação atingiu máximos históricos.

: Official White House Photo by Adam Schultz
Official White House Photo by Adam Schultz  

A fome e a pobreza atingiram milhões de angolanos vulneráveis ao aumento dos preços dos produtos alimentares, com as autoridades a pedirem mais atenção à agricultura familiar e à maximização dos recursos e a sociedade civil a lamentar a falta de políticas neste domínio.

Máximos históricos da inflação em Angola foram registados em Abril, período em que voltou a aumentar pelo 12.º mês consecutivo, registando uma variação homóloga de 28,02 por cento, com desaceleração nos meses seguintes.

Em Novembro, mês em que foi anunciado o programa das celebrações dos 50 anos da independência do país, que se assinalam a 11 de Novembro de 2025, milhares de cidadãos saíram à rua pedindo soluções para combater a fome.

Entre as inquietações sobre as condições socioeconómicas das famílias, o novo aeroporto internacional de Luanda "António Agostinho Neto", inaugurado em Novembro de 2023, pelo Presidente, João Lourenço, registou o seu primeiro voo de passageiros da rota Luanda-Cabinda.

A infra-estrutura aeroportuária, que custou cerca de três mil milhões de dólares tem capacidade para receber anualmente até 15 milhões de passageiros.

Em Dezembro, Joe Biden, de saída na Casa Branca, fez a primeira visita de um Presidente dos Estados Unidos da América (EUA) a Angola, cumprindo uma promessa feita a João Lourenço.

O Presidente norte-americano, que visitou a cidade costeira do Lobito, anunciou um reforço do investimento em 600 milhões de dólares para o Corredor do Lobito, a linha férrea que ligará o porto desta cidade da província de Benguela à República Democrática do Congo (RDCongo) e à Zâmbia.

Os 600 milhões de dólares vão juntar-se aos mais de três mil milhões atribuídos até agora por Washington a projectos ligados ao Corredor do Lobito, uma infra-estrutura vista como um afirmar das ambições dos EUA face à China no continente africano.

Biden anunciou ainda mais de mil milhões de dólares em nova assistência humanitária para os africanos deslocados pelas secas históricas e afectados pela fome.

O processo de destituição do Presidente da República, iniciativa da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) voltou à ribalta, com o chumbo pelo Tribunal Constitucional (TC) dos recursos apresentados por este partido.

O parlamento aprovou uma nova divisão administrativa de Angola, com três novas províncias – Icolo e Bengo, Moxico Leste e Cuando –, num total de 21, uma iniciativa reprovada pela UNITA que acusou o partido no poder de pretender apenas atrasar a implementação das autarquias em Angola.

O contrabando de combustível no país, após o governador do Zaire pedir apoio ao chefe de Estado para resolver o problema naquela região fronteiriça com a RDCongo, foi um dos focos no combate à criminalidade, num ano marcado pela demissão do ministro do Interior (que se mantinha desde 2019, um dos mais duradouros do executivo de João Lourenço) e de vários quadros do topo dos órgãos de polícia.

Em Maio, as centrais sindicais suspenderam a terceira fase da greve geral após um acordo com o Governo, que incluiu a actualização do salário mínimo nacional e um ajuste do salário mínimo da função pública com efeitos a partir de Janeiro de 2025.

A garantia das liberdades fundamentais e dos direitos humanos em Angola estiveram também no centro das preocupações das organização não-governamentais, num ano em que o país registou manifestações de rua, com grande parte dos protestos a resultarem em detenções e intimidações, que não pouparam jornalistas.

A Amnistia Internacional lançou uma campanha mundial pela libertação da influenciadora e "tik-toker" Neth Nahara, presa desde Agosto de 2023 depois de divulgar um vídeo em que criticava o Presidente.

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