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COP28: Ambientalista angolano saúda acordo mas dúvida da implementação

O ambientalista angolano José Silva manifestou-se, esta Quarta-feira, céptico quanto à implementação do acordo alcançado na COP28, de transição para o abandono dos combustíveis fósseis, porque os anteriores não atingiram os objectivos traçados.

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José Silva, presidente da Juventude Ecológica de Angola (JEA), referiu que o acordo é importante, mas lembrou que não é a primeira vez que se atinge um acordo, um consenso, considerado histórico, como o Acordo de Paris, em 2015, mas que depois, do ponto de vista da implementação, ainda tem muitas coisas por serem feitas.

"Uma das questões que a COP28 do Dubai discutiu foi, exactamente, alguns pendentes do Acordo do Paris. E antes [do acordo] de Paris tivemos o Protocolo de Kyoto, que inclusive chegou ao seu fim sem muita coisa ser feita", disse José Silva.

O especialista lembrou até que alguns países que estavam na altura na lista dos menos poluidores depois passaram a emitir muita poluição da atmosfera, concluindo que "esses acordos valem o que valem".

Os países reunidos na cimeira do clima no Dubai aprovaram esta Quarta-feira "por consenso" uma decisão que apela a uma "transição" para abandonar os combustíveis fósseis.

O presidente da JEA salientou que Angola vai em posição de vantagem, porque já está num processo de transição energética, com as indústrias petrolíferas a mudarem o seu foco, sentindo-se também localmente alguma mudança.

"Pelo menos do ponto de vista institucional, mas vamos ver do ponto de vista prático. Já há alguns projectos, como é o caso de algumas empresas petrolíferas que apostam já em projectos de energia solar, há também a entrada da Sonangol [petrolífera nacional] na questão do hidrogénio verde e a redução das emissões com a descarbonização da indústria petrolífera", mencionou.

Ou seja, frisou, "nesse projecto de transição energética, aquilo que prevê o acordo de Dubai, Angola já está a marcar uns passos".

José Silva sublinhou que Angola se propôs até 2025 produzir cerca de 70 por cento da sua energia a partir de fontes renováveis, enfatizando que o Presidente, João Lourenço, na sua intervenção na COP28 assumiu o compromisso de pelo menos nos próximos quatro anos o país avançar com o fim das centrais térmicas.

"Do ponto de vista da eliminação dos combustíveis fósseis, que não foi claramente avançado neste acordo do Dubai, é uma vantagem [económica] para Angola, vai continuar a produzir petróleo, também gás natural, vai continuar a ser dependente destes produtos para alavancar a sua economia e a partir dos lucros do petróleo e do gás vai poder também fazer investimentos em termos de transição energética", referiu.

O ambientalista enfatizou que o acordo é histórico na perspectiva de que há muito que se vinha tentando encontrar um texto onde os países podiam estar comprometidos com a questão da redução das emissões, no que toca à componente da transição energética.

O acordo global da COP28 reafirma "claramente" a necessidade imperativa de limitar o aumento da temperatura global a 1,5 graus Celsius, exigindo reduções drásticas das emissões globais de gases com efeito de estufa, destacou o secretário-geral da ONU, António Guterres, na sua intervenção.

A Cimeira do Clima do Dubai (COP28) terminou com um acordo para se iniciar uma transição para o abandono dos combustíveis fósseis, após duas semanas de intensas negociações em cerca de 200 países debateram a forma de enfrentar colectivamente a crise climática.

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