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Cultura

Jorge Ferreira: “Angola é o país onde tenho mais prazer e vontade de fotografar”

Nasceu e cresceu em Portugal, mas foi em Angola que encontrou um diamante em bruto para a sua lente. Destaca a vida selvagem como o foco do seu trabalho, e afirma que ser fotógrafo no nosso país é especial, pelos “imensos temas e lugares que merecem ser registados e são pouco conhecidos”. É o mentor do “Angola Vista”, um projecto fotográfico que ambiciona mostrar ao mundo as 18 províncias de Angola, mas ainda tem um longo caminho a percorrer. Para o futuro, Jorge Ferreira quer continuar a “bater chapas” pelo país fora, e desenvolver mais projectos em África, concentrado-se em países que, além da beleza natural, têm em comum a língua portuguesa.

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Jorge, em primeiro lugar fale-me de si... Onde nasceu e cresceu, onde e o que estudou, que idade tem...

Nasci, cresci e estudei em Lisboa. O que sempre me atraiu estudar, foi a vida selvagem e o comportamento animal. E como é normal, o rumo que seguimos é sempre diferente, pois virei-me para os sistemas de informação, que ainda hoje é a minha actividade principal. Tenho 51 anos.

De onde veio o gosto pela fotografia? É uma paixão?

Tudo começou no liceu, quando aprendi a revelar a preto e branco e consegui uma máquina em segunda mão e muito barata, uma Zenit, que me despertou a paixão pela fotografia.

Quais as suas influências? Tem algum artista ou fotógrafo que o inspire?

Tenho alguns fotógrafos como referência, como o Sebastião Salgado, Nan Goldin, Ricardo Rangel ou a Rita Carmo. No entanto acho que todos me inspiram um pouco. Por outro lado, tem artistas plásticos que me inspiram, como o António Ole ou o Paulo Kapela.

Que tipo de fotografia mais gosta de fazer?

Gosto de fotografia documental acompanhando projectos de antropologia, e depois, tudo um pouco, talvez dando mais relevo à vida animal, que me atrai imenso.

Como é ser fotógrafo em Angola?

É especial, pois tem imensos temas e lugares que merecem ser registados e são pouco conhecidos. É onde tenho mais prazer e vontade de fotografar.

Quais os locais favoritos que tem para fotografar?

A minha preferência é pelo sul de Angola, desde o Kuando Kubango até ao Namibe, talvez juntando com o norte da Namíbia. O meu desejo no futuro é mesmo criar a minha base em Moçâmedes.

Onde é que ainda não esteve com a sua câmara e gostaria de estar?

Tenho uma lista sem fim de locais que não estive e que desejava bater chapas. Dou preferência ao continente africano, e principalmente aos países de língua portuguesa, que no meu entender têm muito poucas publicações fotográficas. Mas no top cinco fora de África, estão o Japão, a Nova Zelândia, o Nepal, a Patagónia e o Alasca.

Um dos projectos que desenvolveu foi o “Angola Vista”, um trabalho fotográfico do nosso país. Fale-me um pouco sobre este projecto…

Angola vista é um projecto que está em curso e retrata de uma forma documental as 18 províncias de Angola. Procuro tudo o que promova as diferentes províncias, desde paisagens, pessoas, natureza, locais históricos, e tento provocar os angolanos para se meterem na estrada e conhecerem mais as belezas de Angola. Este projecto começou na província do Namibe, onde iniciei o projecto de filmar um documentário com os pastores, que ainda não aconteceu, e deu lugar a este projecto fotográfico. Foram produzidos mais três livros, do Kwanza Sul, Huíla e Huambo, e já tenho mais dois trabalhos de campo terminados, o do Zaire e de Benguela. E a primeira exposição deste projecto estará para breve.

Já esteve envolvido em outros projectos no nosso país? E no estrangeiro?

Este é o primeiro projecto fotográfico em Angola. Já tenho também publicações de São Tomé, Moçambique, Cabo Verde, Timor e o mais recente, da Ponte 25 de Abril, em Lisboa.

Que desafios já enfrentou enquanto fotógrafo?

O maior e constante desafio é conciliar a fotografia com outra actividade laboral. Nos dias de hoje é muito difícil sobreviver como fotógrafo. E assim posso entregar-me totalmente quando estou a fotografar

Já recebeu algum prémio de fotografia? Há algum que gostaria de ver ser-lhe atribuído?

Não procuro prémios nem concursos. Concorri duas vezes, ganhei um terceiro prémio num concurso da Instanta. Mas não é o meu foco.

Para terminar, quais os seus projectos para o futuro no mundo fotográfico?

Continuar a fotografar em Angola, terminar o projecto das 18 províncias e conseguir fazer mais projectos documentais nos PALOP.

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