Patrícia, em primeiro fale-me um pouco sobre si… Onde nasceu e cresceu, como foi a sua infância, que idade tem…
Nasci em Luanda, em 1981, e nesta mesma cidade cresci. Tive uma infância feliz, apesar de algumas dificuldades, que moldaram a mulher que hoje sou, com actualmente 36 anos de idade.
Como surgiu o gosto pela música? E quando começou o sonho de ser cantora?
Muito menina… Com apenas quatro anos de idade, creio, fui levada pelas mãos da minha mãe a integrar o projecto da professora Rosa Roque, onde comecei a cantar na classe infantil “Patinhos”, depois no “Coral Gigante” e por fim na jóia da casa, “As Gingas do Maculusso”. Mal tive a chance de sonhar em ser cantora, pois quando me dei conta já dependia da música para respirar… Já tinha sido tocada e enredada pela música.
Quem são os seus ídolos na música? E as suas referências?
Tenho muitas referências quer nacionais quer internacionais. Passei por uma escola que me possibilitou beber de muitas experiências… Mas é muito difícil dizer os que ocupam o primeiro lugar na minha lista, mas por certo que Tina Turner é a minha referência obrigatória de mulher de garra, mulher de voz e show, assim como facilmente se pode identificar traços de Bonga no meu canto.
Fez parte do grupo Gingas do Maculusso, mas em 2003, com o lançamento do primeiro álbum, iniciou a sua carreira a solo. Porquê esta aposta?
Na minha vida, muito do que acontece, acontece por presente dos céus. Antes mesmo de eu desejar algo, o meu Deus providencia para que o certo aconteça na minha vida. E assim aconteceu com a gravação do meu primeiro trabalho discográfico. Foi numa noite em que jamais esquecerei, por sinal em noite do Top Rádio Luanda, que surpreendentemente anunciava o locutor da noite, o patrocínio da Rádio Nacional de Angola, para que eu gravasse o meu “Eme Kya”. Um anúncio não esperado e como tal não pedido, mas que veio mudar por completo o rumo da minha vida artística.
Estreou-se a solo em grande, e no mesmo ano que o fez arrecadou vários prémios e títulos, entre os quais vencedora do “Top dos Mais Queridos”, título nunca alcançado por uma voz feminina. O que sentiu quando, em tão pouco tempo, alcançou tantas conquistas entre elas este título inédito?
Senti-me abençoada por Deus, por sobretudo ser tão querida pelos meus fãs, que hoje ultrapassam os limites geográficos de Angola, sonho este muito almejado por qualquer cantor que quer ver o reconhecimento do seu trabalho. Sou de facto uma mulher abençoada pelo meu Deus e muito feliz.
Dos seus dois trabalhos discográficos, “Eme Kya” e “Baza Baza”, qual é o que tem mais significado para si? Porquê?
Os dois discos são muito importantes para mim, pois foram feitos em momentos distintos e únicos na minha vida, mas com certeza que o meu primeiro marcará para todo o sempre a minha vida pessoal e artística.
Compõe as suas canções? Os seus temas surgem sobre quais influências e inspirações?
Componho algumas das minhas canções, mas considero-me amadora na arte de bem compor, e prefiro dar esta responsabilidade a compositores mais experimentados.
Qual foi o melhor momento até agora na sua carreira artística?
O lançamento da minha primeira obra discográfica, e todas as emoções nunca antes vividas por mim por causa do “Eme Kya”.
As dificuldades e a competitividade do meio artístico musical não passam ao lado de ninguém. Qual foi o momento mais difícil que ultrapassou?
O desaparecimento físico de um dos maiores impulsionadores da minha carreira artística, alguém que tinha como um pai, foi um golpe duro de superar e o reerguer depois disso foi muito difícil.
Para além de subir aos palcos de várias províncias do país, também já fez ouvir a sua voz no estrangeiro, em países como França, Itália, Portugal, Zimbabwe, Namíbia e Brasil. Qual é a sensação de ver o seu talento reconhecido, não só a nível nacional, mas também lá fora?
É a concretização de um sonho de qualquer artista, o que também aumenta a responsabilidade em fazer mais e melhor.
Apesar de passar longos períodos longe dos palcos, cantou e encantou nos concertos do “Show do Mês”, no Royal Plaza Hotel. A adesão do público e dos fãs superou as suas expectativas?
Expectativas mais do que superadas! A organização do show por si só, também foi censurada por algumas pessoas, que acreditavam não ser aquela uma boa escolha. Estive mergulhada em momentos de total nervosismo e apreensão, momentos que encontraram resposta e energia positiva, por parte daqueles que respeitam o meu trabalho e acreditam no meu potencial. Foi a melhor prenda de final de ano ganha. À “Nova Energia” o meu muito obrigada pelo profissionalismo e competência.
Para além da música em que outros projectos está envolvida?
Sou advogada de profissão e o exercício da advocacia absorve muito do meu tempo que, ainda assim, é repartido com outras responsabilidades que me são confiadas. Para este ano, outros desafios, ainda no sigilo, me foram propostos, mas apesar disso tem sido interessante dar o meu apoio à direcção da “Casa da Cultura Njinga A Mbande”, casa que está no meio de um dos bairros tradicionais de Luanda, o Rangel, e tem sido um desafio interessante mudar o conceito de que cultura dificilmente pode ser feita fora da baixa ou centro da cidade capital, nos grandes e luxuosos salões.
Qual a sua maior paixão? A música ou a rádio?
Pergunta difícil de ser respondida, mas sem hesitar, a música.
Por fim, quais são os seus planos para o futuro? Para quando um novo álbum?
O meu cérebro funciona a mil e muitas são as aspirações para este novo ano, mas com certeza absoluta o desejo maior é matar as saudades do meu grande público. Lançar o meu novo álbum é uma prioridade para este ano.