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Kalaf Epalanga: “Estou muito optimista, como qualquer angolano neste momento”

O músico e escritor angolano Kalaf Epalanga, que vive entre Lisboa e Berlim, olha com “muito” optimismo para o país onde nasceu, esperando que o momento atual “não seja só um virar de cassete para tocar o mesmo”.

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“Estou muito optimista, como qualquer angolano neste momento. Fomos surpreendidos por uma onda de optimismo, que acho benéfica, porque, pela primeira vez, temos a oportunidade de construir uma outra realidade, um outro caminho”, afirmou Kalaf Epalanga, em declarações à Lusa, a propósito da edição do seu primeiro romance, “Também os brancos sabem dançar”, que foi apresentado em Lisboa.

José Eduardo dos Santos deixou o cargo de Presidente da República de Angola a 26 de Setembro, ao fim de 38 anos, na sequência das eleições gerais de Agosto, sendo substituído por João Lourenço, do mesmo partido. Desde que tomou posse, a 26 de Setembro, na sequência das eleições gerais de 23 de Agosto, João Lourenço exonerou várias administrações de empresas estatais, dos sectores de diamantes, minerais, petróleos, comunicação social, banca comercial pública e Banco Nacional de Angola, anteriormente nomeadas por José Eduardo dos Santos.

Embora esteja muito optimista com a actual situação de Angola, Kalaf Epalanga reza “para que não seja só uma troca de cadeiras, um virar da cassete e tocar o mesmo”.

Isto acontece porque, disse, “todo o angolano por natureza é céptico, está sempre com um pé atrás, porque são 30 e muitos anos de guerra civil, de injustiça e de factores que não ajudaram nada o progresso da nação”.

“É óbvio que ninguém sabe muito bem o que vai acontecer de facto, porque ainda não vimos nenhuma condenação directa ou ajuste de contas, pedir exactamente onde estão as facturas e os desvios que se fizeram, não há nada disso ainda a acontecer. Mas, como acho que todo o angolano dirá, estamos no início, vamos lá ver. Temos de dar o benefício da dúvida e vamos”, referiu.

Apesar de considerar que metade dos angolanos “é céptica”, Kalaf está convencido de que, neste momento, “dois terços estão optimistas”. “E isso é bom, porque nos faz olhar para nós e para quem está próximo com outro ânimo. É positivo o facto de estarmos a ver os nossos jornalistas um pouco mais audazes, mais participativos, na realidade actual, os nossos intelectuais a expressarem-se, a analisarem a situação do país. Isso é fantástico”, considerou.

Ao presidente João Lourenço, o músico e escritor deseja “coragem para seguir em frente”. “Se esse é o plano dele, de tornar Angola mais justa, tem o meu apoio”, disse, referindo que, para “ser político em África – onde é tudo muito frágil, muito recente – ainda mais um político que abrace uma mudança de narrativa, é preciso ter muita coragem”.

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