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Pedro Mateus: “Em 2018 queremos consolidar e ampliar os negócios da produção nacional”

A comemorar cinco anos de existência do Kibabo, Pedro Mateus, o rosto do grupo, enaltece o empenho dos colaboradores e a preferência dos clientes, que permitiram a abertura de 25 lojas e a criação de 300 postos de trabalho. Para o próximo ano, o grupo familiar que contribui para a diversificação da economia e aposta fortemente na produção nacional, nomeadamente na Agricultura e Indústria, pretende manter a rota de expansão e implementar novos projectos, que promete desvendar em 2018.

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O grupo Kibabo comemorou cinco anos de existência. Quais foram até agora as maiores realizações?

Não é propriamente uma pergunta fácil de responder, dada a sua abrangência, pois de facto estamos a falar de cinco anos, em que muitas coisas aconteceram, mas é claro que algumas marcam e são para nós grandes feitos. O primeiro desde sempre foi a montagem do próprio negócio Kibabo em si, o qual apesar das adversidades da altura se conseguiu erguer em precisamente 60 dias, desde a minha aterragem a 23 de Setembro de 2012 à inauguração a 22 de Novembro, conforme mostra a capa do folheto de lançamento na altura, onde o Kelly Silva, sem qualquer preconceito, assumiu nesta campanha tanto a figura de “Homem da casa” como a de “Super Homem” ou melhor “Super Kibabo”, algo que não posso esquecer, pois foi um autêntico recorde para 4000 metros quadrados de área de venda, os quais ao abrirem conseguiram realmente captar a atenção dos clientes e mostrar ao mercado que havia lugar para um grande espaço dedicado às senhoras, com tudo o que podiam imaginar e precisar para a sua casa, incluindo para a limpeza e a sua própria higiene, razão pela qual, talvez, o Kibabo tenha entrado no lar dos angolanos e hoje faça parte do seu dia-a-dia, aos quais estamos muito gratos e espero poder continuar a contar com eles por muitos mais anos.

A seguir ao Kibabo, surgem as papelarias Biasmark, mas o que volta a marcar de novo a nossa história é, igualmente na área do retalho mas especializado nos electrodomésticos e electrónica, as lojas Kitec que, apesar da diversificação do grupo, ainda hoje ocupam a segunda posição e representam cerca de 25 por cento do volume de negócios, dado que o Kibabo em si continua a ser o grande pilar do grupo e representa 50 por cento da sua facturação.

A terceira realização, que jamais pensávamos que viesse a ter a preponderância que assumiu, é a rede de perfumarias Equivalenza, a qual actualmente possui 25 lojas, 21 na cidade de Luanda e quatro na província, das quais 17 geridas pelo grupo (três em processo de abertura) e oito franchisadas, que representam um volume de vendas mensal de 500 litros de perfume, e estão presentes em praticamente todos os shoppings. É sem dúvida a maior rede de perfumarias em Angola, a qual pretendemos duplicar a curto prazo, seja com lojas próprias ou de empreendedores.

Antes de darmos o salto para outras áreas ainda montámos as lojas Casaki, especializadas na venda de móveis e sofás, as quais, juntamente com as restantes marcas criadas pelo grupo, bem como outras que ao longo dos anos compreenderam que estar perto do Kibabo era uma mais-valia para o negócio, nos levaram a levar este conceito de Kibabo Shopping até Viana, o qual na prática não é um shopping mas sim uma espécie de Retail Park, composto por um ou mais barracões decorados, de preferência com custos muito controlados, de forma a assegurar preços muito competitivos, pois não podemos esquecer que quem paga os nossos edifícios, directa ou indirectamente, é o nosso cliente, logo quanto mais elaborado estes forem, mais alto será o preço dos produtos.

O maior passo de todos foi equacionar fazer aquilo que não dominamos, algo que para um grupo familiar como o nosso não é fácil, pois há muita dificuldade em sair da rota dos seus primórdios ou zona de conforto, mas o mercado assim o exigia, e contra ele não devemos ir, pelo que arregaçámos as mangas e com alguma pesquisa acho que conseguimos encontrar o nosso caminho para diversificar os nossos negócios e fazê-los crescer na área da produção nacional, por forma a reduzirmos as importações, e é assim que surge a ideia da Hidroponia. Um nome que me fazia muita confusão, mas ao qual, com o tempo, me habituei e hoje já trato por “tu”. Uma boa parte do processo de produção agrícola é sem terra, o qual para muitos não faz muito sentido, dada a imensidão de terras e água existente no país, mas para outros, onde nos incluímos, não há qualquer margem de dúvida que este é o futuro, pois temos que poupar a água e a terra, bem como produzir o mais próximo dos grandes centros de consumo e em qualquer época do ano, sem estar condicionado às condições climatéricas nem ao poder das pragas. É assim que nasce em Março de 2017 a Hidrobem, empresa do grupo Kibabo, promotora do primeiro Polo de Hidroponia em Angola, que dada a abertura que teve do mercado ao longo destes nove meses, nomeadamente com a produção de alface, ervas aromáticas e tomate, já está a expandir e quadruplicar a sua área de produção, passando a curto prazo a possuir 7000 metros quadrados de cultura intensiva em hidroponia. Esta expansão não fica por aqui, mas como o segredo é a alma do negócio, estas novidades ficam para 2018.

Parece que esta experiência no sector da produção nos abriu o gosto para mais negócios nesta área e foi assim que em Junho montámos a Sofama, fábrica de sofás, dado que era um produto com muita rotação nas lojas Casaki e com grandes impedimentos à importação, razão pela qual decidimos começar a produzir em Angola, cujo boa parte da matéria-prima contamos também vir a adquirir no país. Sem dúvida que apesar da dimensão ser ainda contida, foi uma boa realização.

O ano de 2017 foi um marco para o grupo Kibabo, com certeza que não foi por ser um ano de eleições ou por fazermos cinco anos, mas certamente por estarmos a viver uma crise prolongada, que nos podia ter levado a abandonar o barco, o que não aconteceu, pelo contrário, obrigando-nos a ser mais terra a terra, agarrar-nos com “unhas e dentes” como costumo dizer muitas vezes, e seguir a rota sem dar muitas voltas, aproveitando algumas oportunidades que acabam por surgir com os tempos de crise. Foi neste contexto que remámos até à Baixa de Luanda, a qual não posso deixar de dizer que sempre foi uma das nossas aspirações e que até alguns namoros foram feitos, mas só a 25 de Julho conseguimos o feito de inaugurar o Kibabo Galerias de Luanda, na rua Rainha Ginga, mesmo ao lado da Sonangol, um espaço comercial com cerca de 2000 metros quadrados, interligado por duas escadas rolantes, onde para além das marcas do grupo Kibabo estão presentes outras âncoras, entre as quais o supermercado e restaurante da conhecida cadeia “Food Loovers”, que em conjunto têm mostrado ao mercado que faz todo sentido trazer de novo o comércio para o centro da cidade e proporcionar aos que todos os dias aqui vêm trabalhar melhores condições de vida e acesso ao que mais precisam no seu dia-a-dia.

Quais são os planos para o primeiro trimestre de 2018?

O ano 2017 foi muito desgastante, não deixou muito tempo para fazer grandes planos, mas estes estão sempre bem presentes na mente de qualquer empresário empreendedor, nem que seja com um mero esboço no resto de uma folha de papel, por isso em 2018 queremos consolidar e ampliar os negócios da produção nacional, quer na agricultura quer na indústria dos sofás, a qual pretendemos estender à carpintaria também. Na agricultura, através da hidroponia, queremos especializar-nos na produção de um único produto e conseguimos com este um lugar destaque no mercado, diversificando nas suas várias espécies e levando-o ao mercado em diferentes formatos.

Como o “bichinho” do retalho está-nos no corpo, pretendemos abrir alas ao projecto das galerias, multiplicando-as ou ampliando-as, e implantar em Luanda um verdadeiro projecto de Retail Park, com 20 ou 30 mil metros quadrados de ABL e uma oferta interessante de lojistas de médias/grandes dimensões, que motivem os consumidores a fazer mais uns quilómetros para fazerem as suas compras, tal como acontece em qualquer outra metrópole do mundo. Propostas de localizações e parcerias já há alguns, agora basta saber qual é o melhor casamento para tornar este projecto uma realidade em 2018.

Por falar em parcerias, e dado que estas são a verdadeira essência da formação do grupo Kibabo, associando-se a pessoas com “Saber-Fazer” para entrar nos negócios que menos conhece, o que fez com que o grupo hoje seja composto por mais de 15 empresas. Está na hora de abrir portas à casa mãe, e em 2018, proporcionar finalmente a entrada de investidores no nosso grupo, por forma a o deixar-mos sair do ninho e poder assim voar e procurar novos horizontes, o que é mais fácil de dizer do que fazer, para um grupo familiar como o nosso, mas é inevitável, pois quando chegamos a uma determinada posição, se queremos crescer, não há muitas alternativas.

Poderia falar um pouco sobre a implementação do projecto que é a fábrica de sofás?

A fábrica dos sofás ainda é um projecto embrionário, afinal tem menos de seis meses, o que para uma fábrica é muito pouco tempo para ver o resultado, mas mesmo assim posso dizer que já demos as nossas “cabeçadas” iniciais de qualquer negócio e já estamos a produzir. Em Janeiro haverá um reforço da equipa e com certeza um upgrade na produção, não só para alimentar as nossas lojas, mas também o resto do mercado, pois com a maquinaria instalada temos capacidade para produzir mais de 20 variedades de sofás, de todos os tipos e tamanhos. Para além de pretendermos ainda no primeiro trimestre de 2018, iniciar os trabalhos de carpintaria, que nascem como um complemento dos sofás e seguimento do negócio dos móveis.

Sobre o projecto Hidroponia, até ao momento, em termos de rentabilidade, quanto deu ao grupo?

Em agricultura, falar de rentabilidade ao fim de nove meses, não é tarefa fácil, mas no caso da Hidroponia, podemos afirmar que o investimento inicial é efectivamente pesado, mas que o retorno se começa a ver logo passado pouco tempo, pois os custos de exploração são muito baixos, dadas as baixas necessidades de produtos importados, visto que a produção é feita num ambiente controlado e não a céu aberto. Para já, contamos a partir de Janeiro de 2018 com 7000 metros quadrados de exploração, 15 por cento em NFT e o resto em sacos gota-a-gota, o que nos vai permitir produzir cerca de 10 mil alfaces por mês e 150 toneladas de tomate por ano, o que já não é nada mau para quem ainda está a dar os primeiros passos na agricultura.

Pretendem agregar ao grupo outras marcas além das já presentes como a Equivalenza?

Não temos nada previsto para já, mas acreditamos a sério no modelo de gestão via franchising, tal como é o da Equivalenza, pelo que se aparecer uma oportunidade que se enquadre na área do retalho e possa complementar os espaços comerciais do grupo, claro que analisaremos e enveredaremos se estiverem reunidas as condições para tal, pois actualmente gerimos cinco marcas próprias, para além do franchising Equivalenza, e trouxemos ainda para Angola a cadeia de sapatarias Stara e a Mopticas, com os quais convivemos em vários espaços juntos, muitos deles com praticamente todos os operadores do mercado, como é o caso dos shoppings, e não temos receio da concorrência, pois temos a certeza que juntos seremos mais fortes e teremos mais força para captar a atenção dos potenciais clientes, caso contrário, jamais poderíamos estar a equacionar avançar para o negócio dos retails parks.

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