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Panificadores querem “plafond” em divisas para importar e travar especulação

Os industriais de panificação e pastelaria vão propor ao Governo a atribuição de um ‘plafond' em divisas, para assumirem, com uma cooperativa própria, a importação de equipamentos e matéria-prima, travando a especulação no sector.

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A informação foi avançada em entrevista à agência Lusa pelo presidente da Associação das Industriais de Panificação e Pastelaria de Angola (AIPPA), Gilberto Simão, instituição que junta mais de 1000 profissionais do sector.

"Neste momento, 80 por cento do nosso sector, principalmente padarias, estão já nas mãos de estrangeiros, de não nacionais. É um absurdo, nós, angolanos, estamos a vender e a alugar as padarias, porque não temos condições de trabalho", explicou Gilberto Simão.

O responsável garantiu que o problema não é a entrada de estrangeiros para o negócio e sim a "especulação nacional" à volta da importação de matéria-prima e equipamentos, ao fim de quase três anos de dificuldades de acesso a divisas. "Os estrangeiros, ou prefiro dizer não nacionais, não têm culpa, até os temos como associados. O problema é o sistema que está criado", explicou.

O assunto, garantiu, vai ser tema principal a debater no 1.º Encontro Nacional do Sector da Produção de Pão, que a AIPPA vai realizar na província de Benguela, a 13 e 14 de Dezembro.

Em cima da mesa está a proposta de utilizar a cooperativa CAIPPA, criada em Julho por aquela associação, para solicitar ao Governo a atribuição de um ‘plafond' mensal em divisas e assim assegurar as importações que o sector necessita.

"Tendo assim capacidade para importar equipamentos e matéria-prima para vender a preços não especulativos aos nossos associados. Para isso precisamos de divisas, é isso que estamos a propor", avançou o presidente da AIPPA, uma associação sem fins lucrativos e que por isso terá de recorrer à cooperativa para assegurar as importações.

Gilberto Simão fala mesmo num problema de "monopólio das importações" do sector, à semelhança do que aconteceu este ano com a farinha de trigo, cujo saco de 50 quilos disparou para 30.000 kwanzas, fazendo aumentar drasticamente o preço do pão ao consumidor.

"Depois da intervenção do Governo, através do Entreposto Aduaneiro de Luanda, que passou a importar e vender aos produtores, o saco da farinha voltou para 7000 kwanzas. Mas os constrangimentos não são só a farinha de trigo, é o fermento, é o equipamento, e outros. Porque criaram aqui uma cadeia, são exportadoras lá fora, são importadores aqui e são os vendedores aqui também", criticou o dirigente.

Com quase 1000 associados em Luanda e perto de uma centena em cada província, a AIPPA garante ter capacidade disponível para armazenamento, em todo o país, pelo que o problema é só ter acesso a divisas para fazer, de forma própria, as importações para os associados.

"Precisamos é que o Governo nos ajude com as divisas. De outra forma, quando importar uma pá para tirar o pão custa 60.000 kwanzas, é impossível rentabilizar uma empresa, seja uma padaria micro, pequena ou média", desabafou.

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