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UNITA quer debate parlamentar sobre alegada tentativa de golpe de Estado por jovens

A UNITA, o maior partido da oposição, apresentou um pedido de debate parlamentar de urgência sobre a detenção de jovens activistas suspeitos de rebelião contra o Estado, disse esta terça-feira à Lusa o presidente do grupo parlamentar.

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A posição foi transmitida pelo deputado Raúl Danda após contactar com os 15 jovens, que se encontram detidos desde 20 de Junho, distribuídos por três estabelecimentos prisionais da região de Luanda, encontros que serviram para "verificar" as condições de detenção, em isolamento.

"Eles estão com bom aspecto. Queríamos saber se foram sujeitos a tortura, o que não aconteceu. Mas há questões que preocupam, como interrogatórios feitos na ausência de advogados ou com a imposição de um defensor, sem que pudessem escolher", disse o líder parlamentar da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA).

De acordo com informação anterior enviada à Lusa pela Procuradoria-Geral da República (PGR), o grupo de 15 jovens activistas estaria a preparar em Luanda um atentado contra o Presidente e outros membros dos órgãos de soberania, num alegado golpe de Estado.

"Não acreditamos que eles pudessem estar a querer derrubar um regime com um golpe de Estado. Não haveria condições materiais ou morais para isso", afirmou Danda.

A UNITA quer agora um debate parlamentar de urgência, cujo agendamento deverá ser discutido, em conferência de líderes na quarta-feira, tendo em conta os "constantes fantasmas" de golpe de Estado aventados.

"Depois do alarido que se fez, com informação aos deputados, esclarecimentos prestados ao corpo diplomático, achamos que é tempo de o país fazer um debate sobre a situação. Não se pode viver neste clima de instabilidade, sobre golpes de Estado", criticou o deputado da UNITA.

Os jovens activistas, estudantes e licenciados, estão distribuídos por estabelecimentos prisionais em Viana (4), Calomboloca (7) e Caquila (4), na região de Luanda, tendo os advogados apontado dificuldades em aceder aos mesmos e na apresentação de um recurso para pedir a libertação provisória.

O Presidente angolano e líder do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), afirmou na quinta-feira que "não se deve permitir" que o povo "seja submetido a mais uma situação dramática como a que viveu em 27 de Maio de 1977", aludindo à morte de milhares de pessoas numa tentativa de golpe de Estado.

"Quem quer alcançar o cargo de Presidente da República e formar Governo, que crie, se não tiver, o seu partido político, nos termos da Constituição e da Lei, e se candidate às eleições. Quem escolhe a via da força para tomar o poder ou usa meios para tal anticonstitucionais não é democrata. É tirano ou ditador", acusou José Eduardo dos Santos.

Segundo a PGR, os detidos em prisão preventiva são Henrique Luati Beirão (conhecido como "Brigadeiro Mata Frakuzx"), Manuel "Nito Alves", Afonso Matias "Mbanza-Hamza", José Gomes Hata, Hitler Jessy Chivonde, Inocêncio António de Brito, Sedrick Domingos de Carvalho, Albano Evaristo Bingocabingo, Fernando António Tomás "Nicola", Nélson Dibango Mendes dos Santos, Arante Kivuvu Lopes, Nuno Álvaro Dala, Benedito Jeremias, Domingos José da Cruz e Osvaldo Caholo (tenente das Forças Armadas Angolanas).

Na versão dos jovens activistas, associados ao designado Movimento Revolucionário, estes encontravam-se regularmente para discutir intervenção política e cívica, inclusive com acções de formação.

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