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Centro de acolhimento tenta dar um Natal às crianças de rua de Luanda

Acusadas por familiares de serem feiticeiras, maltratadas pelos pais ou simplesmente órfãos e abandonadas, milhares de crianças passaram nos últimos anos pelo centro de acolhimento Arnaldo Janssen, de Luanda, onde do quase nada se tenta fazer algo, sobretudo no Natal.

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Localizado no bairro do Palanca, arredores da capital, o centro funciona há 23 anos, recebendo actualmente 89 crianças, a maioria resgatada às ruas e quase sem referências familiares, cenário que a instituição tenta inverter, especialmente nesta altura do ano, como contou à Lusa Regina Lulus, directora-adjunta.

"Entre as actividades a serem desenvolvidas nesta fase, no dia 23 teremos o Natal do centro, com brindes para crianças e cabazes para os funcionários. Quem vai animar são as crianças aqui do centro com teatro, dança e música", contou a responsável à Lusa.

Um período que, explica, se confunde com o dia da criança, já que, apesar das dificuldades, na instituição "tudo se faz" para proporcionar algum espírito de convívio e festa. "Este ano vamos contar também com a presença de crianças de outros centros para uma pura confraternização", disse.

Apesar da alegria de Natal, Regina Lulus não esquece as dificuldades vividas pelo centro no enquadramento das crianças nas escolas públicas, uma vez que apenas possui salas de explicação, carecendo de professores voluntários.

"Graças ao empenho do centro, algumas crianças foram enquadradas nas escolas públicas, continuamos com dificuldades de enquadrar todas, porque muitas, apesar de já terem cédulas de identificação, as repartições de educação tardam em responder as nossas solicitações", lamentou.

Em 2014, disse, o Governo da Província de Luanda comprometeu-se com a cedência de seis professores internos, para permitir o acesso a aulas na instituição, mas "até agora nada", acrescentou.

Entre as 89 crianças que o Centro de Acolhimento de Crianças Arnaldo Janssen actualmente recebe, muitas delas órfãs e outras com família, estão os pequenos Domingos Cassinda de 16 anos e Pedro Jamba de 11 anos.

"Temos muitas actividades que gosto, é uma altura em que fico sempre muito feliz", conta Domingos Cassinda, que há seis anos encontrou abrigo naquele centro.

Para Pedro Jamba, a instituição é uma forma de viver o período de Natal, mesmo para as crianças sem família: "Nós aqui estamos bem preparados neste período, aqui temos muitas visitas. Estamos a preparar-nos para fazer teatro e cada um já tem o seu papel para a peça sobre o nascimento de Jesus. O nosso Natal aqui é com muito festejo e alegria", explicou, com satisfação.

A recolha de crianças e jovens que vivem nas ruas de Luanda é feita por uma equipa do centro composta por um médico, um educador social e motoristas. Ali, recorda Regina Lulus, encontram um espaço "familiar" com dormitórios, alimentação e explicações, sendo que a reintegração social das crianças é igualmente uma das missões.

O Centro de Acolhimento de Crianças Arnaldo Janssen conta apenas com o apoio de algumas instituições privadas, empresas, supermercados e entidades individuais, vivendo numa crise financeira há vários anos, que chegou a provocar vários meses de salários em atraso nos colaboradores da instituição. A instituição tem como missão garantir o acolhimento, a formação e a reinserção destas crianças.

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