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Mayamba Malungo, a angolana em Portugal que concilia apoio a idosa e curso de Direito

O apoio prestado pelo Centro Comunitário São Cirilo (CCSC), no Porto, abriu as portas da Faculdade de Direito a uma estudante angolana que perdera a bolsa de estudo e deu a uma mulher cabo-verdiana acesso ao mercado de trabalho.

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Mayamba Malungo mudou-se para Portugal há três anos com o sonho de se formar em Marketing ao abrigo de uma "bolsa de estudo de uma empresa angolana" que depois lhe daria emprego, mas o "corte no apoio" deixou-a sem forma de pagar os estudos.

Em declarações à Lusa, a estudante de Luanda revelou ter seguido "as indicações de uma amiga" e deslocou-se ao CCSC onde recebeu "algumas formações e alojamento", acabando por ser encaminhada para o mercado de trabalho e, com isso, garantir a sua autonomia.

Mayamba cuida hoje de uma mulher de 74 anos, numa tarefa remunerada, e, com isso, pôde redefinir os seus horizontes. Deixou para trás a aposta no curso de Marketing "pois, por ser numa faculdade privada, as propinas são mais caras" e não as "poderia pagar", acabando por entrar na Faculdade de Direito da universidade pública do Porto, explicou.

A estudante angolana garante "conseguir conciliar o trabalho na casa – onde também reside – com os estudos", ainda que "por vezes, tenha de prescindir das aulas da manhã".

Aos 20 anos e com a hipótese de redimensionar a sua vida, Mayamba tem os olhos postos na conclusão do curso. Depois, a decisão sobre se fica em Portugal ou se volta a Angola "dependerá das opções de trabalho", admitiu, referindo que não vê a família desde 2014.

Instituição à beira de completar o sétimo ano de existência, o CCSC já auxiliou, segundo Maria José Lino, directora do respectivo gabinete de emprego, "outros três imigrantes a enveredar por carreiras académicas".

Sem as perspectivas académicas de Mayamba, mas "empurrada pela mãe", em Cabo Verde, para que procurasse "um futuro melhor" em Portugal, Isa Brito, de 40 anos, continua hoje "à procura desse sonho", confessou à Lusa. Fixada desde 1995 em Portugal, já trabalhou na restauração, "a que gostava muito de voltar".

Sublinhou que, "apesar de já ter vivido dias melhores", foi graças ao "apoio e formação recebidos no 'São Cirilo'" que conseguiu "voltar a encontrar trabalho".

Isa é actualmente empregada doméstica e gostava de "ter casa própria e viver com os três filhos”, um deles actualmente em Londres, com o pai, explicou.

Criado pelos jesuítas no Porto, o CCSC "acolhe e (re)capacita" pessoas e famílias "a passar alguma fase temporária de fragilidade social", segundo a sua página de Internet.

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