A informação consta do relatório semanal do banco central angolano sobre a evolução dos mercados monetário e cambial, ao qual a Lusa teve hoje acesso, relativamente à venda de divisas entre 7 e 11 de Dezembro, realizada a uma taxa interbancária média de 135,9 kwanzas, inalterada há mais dois meses.
Neste período, o BNA vendeu 356,1 milhões de divisas, valor que compara com os 113 milhões de dólares injectados na semana anterior.
Trata-se de um aumento superior a 215 por cento no espaço de uma semana, numa altura de forte redução da disponibilidade aos clientes da moeda estrangeira, sendo o montante vendido aos bancos limitado às necessidades mais urgentes do sistema bancário e que obrigam a autorização do banco central.
"Este volume de divisas destinou-se fundamentalmente à cobertura de operações de natureza prioritária", refere o BNA, na mesma informação do BNA, tal como vem sucedendo nas últimas semanas.
Angola enfrenta uma crise financeira e económica face à redução de receitas fiscais com o petróleo, e por consequência cambial, devido à redução da entrada de divisas no país, necessárias para garantir as importações de máquinas, matéria-prima e alimentos.
Alguns bancos angolanos limitaram, entretanto, a venda de divisas a clientes a um máximo de 1000 dólares por semana e bancos norte-americanos têm vindo a anunciar a suspensão de venda de dólares a Angola.
Do total de divisas vendidas à banca, 87,4 milhões de dólares destinaram-se a pagar operações de telecomunicações, 62 milhões de dólares para cobertura de operações de salários dos expatriados e 48,7 milhões de dólares para cobertura de operações das companhias aéreas, entre outros destinos.
Actualmente, e tal como nos últimos meses, mantêm-se as dificuldades no acesso a moeda estrangeira nos bancos, com o mercado paralelo, de rua, a apresentar taxas de câmbio a disparar para cerca de 270 kwanzas por cada dólar, para compra de moeda estrangeira.
A falta de divisas, em função da procura, continua a dificultar, por exemplo, as necessidades dos cidadãos que precisam de fazer transferências para o pagamento de serviços médicos ou de educação no exterior do país ou que viajam para o estrangeiro.