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Economia

Fernando Francisco Vunge: economia depende "excessivamente" do sector externo

A economia de Angola é "excessivamente dependente do sector externo", com o petróleo a dominar "95 por cento das exportações", afirmou, em Lisboa, o economista angolano Fernando Francisco Vunge.

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Em declarações à agência Lusa antes do lançamento do seu livro "Angola - Desenvolvimento e Sector Externo. Propostas de Políticas para Correcção dos Desequilíbrios", editado pela Colibri, o autor acrescentou que "a economia angolana depende, em mais de 50 por cento, do sector extractivo" e que necessita de se diversificar.

Fernando Francisco Vunge, que analisou dados do período entre 1990 e 2005 para a sua tese de doutoramento, defendida na Universidade de Sevilha e que serviu de base à obra agora publicada, detectou que, inicialmente, os desequilíbrios que a economia angolana apresentava "eram decorrentes dos longos anos de guerra, que fizeram com que a infra-estrutura socioeconómica ficasse quase destruída".

Com o país focado em "salvaguardar a integridade territorial", as medidas de política económica implementadas naqueles 15 anos "não tiveram eficácia", assistindo-se ao "êxodo da população rural" e à "saída de muitos quadros técnicos para o exterior do país", disse.

"Com o alcançar da paz, em 2002, o contexto favorável no petróleo e os acordos feitos com vários países, com destaque para a China, o Estado começou a reconstruir as infra-estruturas destruídas pela guerra, para aumentar o bem-estar da população", adiantou o autor.

O economista - que tem algumas das propostas feitas na obra a ser implementadas "no âmbito do Plano Nacional de Desenvolvimento 2013-2017" - considera que "as soluções para a situação económica de Angola dependem de todas as forças vivas da nação, pelo que os académicos têm uma palavra a dizer para auxiliar aos esforços do executivo angolano no sentido de corrigir os desequilíbrios que a economia ainda enfrenta, em parte decorrentes da crise no contexto macroeconómico mundial".

Lançado no passado dia 24 em Luanda, o livro foi hoje apresentado na Universidade Lusófona por Manuel Ennes Ferreira, especialista em Economia do Desenvolvimento e docente no Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG), que também assina o prefácio, tendo estado ainda presentes na mesa Conceição Soeiro, administradora do Grupo Lusófona, e António Costa, director da licenciatura e do mestrado em Gestão de Empresas na Lusófona.

Falando à Lusa antes da sua intervenção, Manuel Ennes Ferreira, assinalou que, "não obstante o autor tenha estudado o período entre 1990 e 2005, o problema do desequilíbrio externo e até interno, em termos de orçamento, continua a existir, talvez até agravado".

"A dependência que Angola tem do exterior, pela via do comércio externo, com o petróleo, está sujeita a uma volatilidade tal que muitas das opções de política económica interna acabam por ficar bastante condicionadas por aquilo que é o impacto externo", afirmou.

Deste modo, "mesmo que haja políticas bem congeminadas, bem pensadas, pode ocorrer uma limitação dos êxitos pretendidos devido ao ambiente externo", pelo que o livro defende "o desenvolvimento interno de Angola pela diversificação da economia, ou seja, que o país deixe de depender tanto das importações e diversifique as exportações", esclareceu o prefaciador do volume.

"Infelizmente, a ideia existe praticamente desde a independência" e é "um bocado constrangedor ver que pouco foi feito", concluiu.

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