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Ambiente

Angola vira-se para a aquicultura com investimentos públicos e privados

A criação de peixe de aquicultura está a proliferar em Angola, envolvendo desde projectos experimentais à produção industrial, passando pela formação de técnicos angolanos, alguns dos quais trocam a pesca do rio pelos tanques.

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É o caso de como Cristo Miguel André, pescador do rio Kwanza, de 33 anos e que já esteve também na pesca em alto-mar, seguindo a tradição da família. Agora, e desde 2014, já se dedica inteiramente ao peixe, mas o de produção em aquicultura, em Laúca, no médio Kwanza.

"Gosto de fazer tudo o que aprendi aqui. Sou eu que trato dos peixes e que oriento a alimentação", começou por explicar à Lusa o pescador e um dos técnicos da Unidade Demonstrativa de Peixe de Laúca, na província do Cuanza Norte.

Em todo o país, segundo a previsão do Governo angolano, a produção de peixe em aquicultura deverá chegar este ano às 60 mil toneladas, um crescimento de 50 por cento face a 2013.

Instalado pela Odebrecht na margem direita do rio Kwanza, aquele empreendimento experimental já fornece todas semanas uma tonelada de peixe ao vizinho refeitório que a construtora brasileira montou para apoiar a construção do Aproveitamento Hidroeléctrico de Laúca.

Cristo Miguel André já trabalhava na construção da barragem e não hesitou quando foi convidado para a área da aquicultura e já sonha em montar um negócio próprio do género. "Já pensei, mas estou a esperar. Aprender bem para não fazer as coisas com pressa, preciso de aprender muito mais", conta, ao fim de mais de um ano de experiência ao lado do técnico ambiental brasileiro Ricardo Santos Fernandes, supervisor da área da aquicultura do projecto de Laúca.

Naquela área do médio Kwanza, estão distribuídos numa zona protegida do rio 30 tanques com 24 toneladas peixe, entre cacusso e choupa, alimentados, tratados e depois processados pelos oito trabalhadores do projecto.

O peixe entra nestes tanques alguns gramas para sair ao fim de poucas semanas com um quilograma e com a garantia de confiança do Cristo Miguel André. "Este peixe é controlado, tem uma dieta eficaz, uma alimentação diária controlada, não cria muita gordura e também não fica magro, porque nós controlamos através da temperatura e outros parâmetros científicos. Por isso eu digo que esse peixe é melhor do que aquele [do rio]", conta o pescador, agora convertido à aquicultura.

Oficialmente, o Governo angolano tem vindo a justifica a crescente aposta e investimento em aquicultura como forma de "garantir a segurança alimentar e nutricional da população" e de "combate à fome, e a redução da pobreza no seio da população".

Este projecto experimental em Laúca, que até poderá ser alargado a outras espécies, é apenas um dos vários pontos de produção de aquicultura que proliferam por todo o país, actividade que mereceu mesmo a constituição de uma secretária de Estado própria em 2014.

O mesmo tem vindo a acontecer com centros de larvicultura, para garantir a base da produção, que estão a ser construídos no país, como um do género a instalar no sul, na província do Cuando Cubango, por mais de 12 milhões de dólares.

O Ministério das Pescas angolano prevê para 2016 um programa de desenvolvimento da aquicultura com uma dotação de 1,037 biliões de kwanzas.

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