"As nossas acções aqui [em Angola] vão continuar até que se reponha a verdade eleitoral e a justiça expressa pelo povo nas urnas. (...) Nós fomos dos poucos que conseguimos fazer os sete dias de protestos decretados em Moçambique", disse esta Quarta-feira o activista à Lusa.
Segundo Mbanza Hanza – detido recentemente em companhia de mais três activistas enquanto protestavam à frente da Embaixada de Moçambique em Luanda – a posição do Governo estimula os activistas a serem solidários com os moçambicanos.
Os activistas em Luanda desenvolveram várias actividades (encontros e reflexões) em apoio aos protestos pós-eleitorais em Moçambique, explicou Mbanza Hanza, dando nota que o protesto de Quinta-feira, que culminou com detenções, foi um apenas dos actos realizados naquela semana.
"Estamos simplesmente a prestar solidariedade, não somos nós os autores (...). Enquanto a nossa expressão puder ajudar estaremos aqui para dar a nossa força e é para isso que nos mobilizamos", referiu o activista, considerando a actuação policial em Angola como resultado de um Estado onde imperam as "ordens superiores, ordens ilegais e normas vagas".
Para o activista, Angola que, por via do Presidente João Lourenço, reconheceu a "vitória fraudulenta" de Daniel Chapo – declarado vencedor das eleições presidenciais de Moçambique de 9 de Outubro – está a ser cúmplice da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder em Moçambique).
"Angola está a ser cúmplice da Frelimo, por isso é que nos estimula cada vez mais a nossa solidariedade, é que os regimes ditatoriais e maus se auxiliam e se protegem", acusou o activista, apontando o alegado apoio do Serviço de Inteligência e Segurança de Estado (SINSE) de Angola à congénere moçambicana em acções para captura do candidato presidencial e líder dos protestos, Venâncio Mondlane.
João Lourenço "foi das primeiras pessoas a reconhecer a vitória fraudulenta de Chapo", apontou Mbanza Hanza, considerando ainda que o Governo angolano "está com a Frelimo e apoia a fraude".
"O lado deles é o da injustiça e não admira que, ao fazermos o protesto aqui, tenhamos de ser vítimas do que somos. É o único país onde houve protestos em apoio a Moçambique e o acto deu em detenção", rematou o activista do conhecido caso 15+2, quando 17 pessoas foram detidas quando se encontravam a ler um livro sobre democracia e condenadas pelos crimes de actos preparatórios de rebelião e associação de malfeitores.
Moçambique, e sobretudo Maputo, a capital, viveram paralisações de actividades e manifestações convocadas desde 21 de Outubro por Venâncio Mondlane, que não reconhece os resultados das eleições gerais anunciados pela Comissão Nacional de Eleições, que dão vitória a Daniel Chapo e à Frelimo.
As manifestações, maioritariamente violentas, deixaram um rastro de destruição em Moçambique, com registo de mortos, feridos, detidos, infra-estruturas destruídas e estabelecimentos comerciais saqueados, sobretudo a 7 de Novembro.