O relatório, produzido pela Câmara de Comércio e Indústria Portugal – Angola (CCIPA), realizado em parceria com a consultora PwC e a AICEP (Agência para o Investimento e Comércio Externo) baseia-se num inquérito a 43 gestores, sendo os principais sectores de actividade representados a construção e imobiliário (16 por cento), as indústrias transformadoras (14 por cento), e consultadoria (14 por cento).
No documento salienta-se que Angola apresenta muitas oportunidades para investimentos sustentáveis, mas também desafios significativos.
Os investidores apontaram vários obstáculos que podem dificultar a realização plena do potencial do país, entre os quais a dependência do petróleo; o ambiente regulatório; as infra-estruturas; a corrupção; o acesso a financiamento; a segurança; a diversidade económica; e a formação dos trabalhadores.
Os desafios abrangem diversas áreas, mas a maioria dos gestores inquiridos consideram que o acesso a divisas (93 por cento), a inflação e taxas de juro (70 por cento) e a burocracia (53 por cento) são os principais entraves ao investimento empresarial em Angola.
Em temos de gestão interna, a contratação de colaboradores com as competências necessárias e os atrasos de pagamentos por parte dos clientes são os desafios mais identificados pelos gestores (cerca de 70 por cento dos inquiridos).
Os empresários consideram que ter equipas qualificadas e motivadas é essencial para alcançar altos níveis de produtividade e inovação, mas "o processo de recrutamento e selecção enfrenta vários desafios como o facto do sistema educativo em Angola ainda estar em fase de desenvolvimento e a complexidade burocrática na obtenção de vistos de trabalho para estrangeiros", salienta-se no relatório.
No Barómetro destaca-se a importância de criar um ambiente mais favorável ao investimento e ao desenvolvimento empresarial angolano, apontando acções para mitigar os desafios como incentivar a gestão eficiente de divisas, trabalhar em estratégias para combater a sua escassez, facilitar os processos administrativos complexos e investir na formação de mão-de-obra qualificada.
Em termos económicos, apenas 9 por cento dos gestores revelam um sentimento optimista em relação à evolução da economia internacional, e 14 por cento em relação à evolução económica de Angola, face ao elevado grau de incerteza a nível nacional e internacional.
A maioria das empresas (63 por cento) está cautelosa, mas 47 por cento dos gestores esperam um aumento no volume de negócios das suas empresas em 2024.
"A volatilidade política, a necessidade de maior transparência e os desafios económicos devem ser cuidadosamente considerados ao planear novos investimentos", sublinha-se, acrescentando que estratégias de mitigação de riscos, análises minuciosas do mercado e manter-se actualizado sobre as mudanças regulatórias são essenciais para o sucesso.
"Podemos concluir que Angola apresenta um cenário promissor para investimentos, com potencial significativo de retorno para aqueles que estão preparados para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades oferecidas", salienta-se no documento.
O Barómetro dos Gestores, aborda além dos temas relacionados com o ambiente económico em Angola, outros temas disruptivos para as empresas, tais como a aplicação da tecnologia em geral, o da inteligência artificial e a importância crescente da cibersegurança.