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Países menos desenvolvidos perderam 10 por cento do PIB desde a pandemia

A Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) alertou hoje que os países menos desenvolvidos perderam 10 por cento do PIB devido à pandemia e não haverá melhorias sem uma profunda reforma do financiamento.

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"Os países menos desenvolvidos [LDC, na sigla em inglês], enquanto grupo, passaram por um forte abrandamento do crescimento económico em 2020 e 2021 e este ano o seu Produto Interno Bruto (PIB) combinado era 10 por cento menos que o nível que teriam alcançado se a tendência de expansão antes da pandemia se tivesse mantido", dizem os peritos no relatório deste ano sobre este grupo de 46 países que inclui os lusófonos Angola, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.

O documento divulgado em Genebra, com o título Financiamento para um Desenvolvimento Resiliente à Crise, passa em revista as principais dificuldades deste grupo de países cujos cidadãos recebem 1088 dólares ou menos por ano, e coloca o foco nas consequências não só do abrandamento do crescimento económico, mas também da exposição às alterações climáticas, falta de financiamento externo e aumento da pobreza neste lote em que 33 dos 46 países são africanos.

"O PIB per capita teria sido 16 por cento mais elevado em 2023 do que as actuais estimativas se o crescimento tivesse atingido a meta de 7 por cento definida nos programas de ação dos LDC; como consequência do abrandamento económico, o número total de pessoas e viver na pobreza extrema deverá ter aumentado, com pelo menos mais 15 milhões de pessoas a viver em pobreza extrema do que antes da pandemia", lê-se no documento.

Ao longo das 27 páginas do relatório, os peritos da UNCTAD salientam que este grupo de países enfrenta, além de uma falta de representatividade nas principais instituições financeiras mundiais, um conjunto de crises que tem dificultado não só o crescimento económico, mas também o financiamento das infraestruturas necessárias ao desenvolvimento e à mitigação e adaptação às alterações climáticas.

"Para voltarem a alinhar-se com os Objectivos do Desenvolvimento Sustentável, os LDC precisam de uma arquitetura financeira internacional que seja inclusiva, inovadora e adaptada às suas necessidades e desafios específicos", diz a UNCTAD, vincando que para voltar à taxa de 7 por cento de crescimento, "seriam precisos investimentos de 462 mil milhões de dólares anualmente, o que implica um aumento de 55 por cento face aos investimentos efetivamente feitos em 2019".

Os números são ainda maiores se forem levados em conta os ODS, que têm um défice de financiamento equivalente a 4 biliões de dólares por ano, uma subida face aos 2,5 biliões de dólares registados em 2015, quando os Objectivos foram adoptados.

"Apesar das novas iniciativas tomadas pela comunidade internacional irem no bom sentido em termos de melhorar o financiamento externo para o desenvolvimento dos LDC, ficam atrás do nível de ambição necessário para enfrentar os graves desafios de financiamento com que estes países estão confrontados; em resultado isto, a comunidade internacional tem falhado na resposta adequada à crise financeira que paira sobre os LDC", conclui a UNCTAD.

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