"Um dos objectivos centrais desta cooperação é o desenvolvimento da investigação científica", afirmou Esperança da Costa, numa conferência de imprensa conjunta com a sua homóloga portuguesa, Teresa Coelho, após uma reunião de trabalho de dois dias, em Lisboa.
Para a secretária de Estado, essa cooperação deve ir desde a formação de quadros especializados para o desenvolvimento de acções tendentes a manter uma avaliação contínua do estado dos recursos e influência do clima na sua preservação, até à concentração de sinergias para a identificação de projectos que visem, não só o estudo das espécies marítimas comerciais, mas também de outras espécies, cujo valor comercial até agora não é conhecido, podendo acrescentar valor a essas espécies e melhorar a dieta alimentar.
O navio "Baía Farta" vem complementar este trabalho, adiantou a responsável do executivo angolano.
"É um navio de investigação, tem estado a ser intervencionado para melhoria de algumas inconformidades que apresentou no início, quando chegou a Angola", acrescentou.
Porém, segundo a secretária de Estado, a sua navegabilidade não está em causa. "São inconformidades ligadas a alguns equipamentos para medição dos vários parâmetros necessários para podermos avaliar a saúde do ecossistema e a abundância" dos recursos, explicou.
No entanto, referiu que Angola e Portugal estão também a procurar "identificar e a formar equipas que possam, no âmbito dos cruzeiros que estarão em desenvolvimento proximamente, participar".
O objectivo é "identificar a biomassa e as espécies na zona económica exclusiva, mas também para fora dela", salientou.
O que, segundo a governante, pode servir também para Portugal "em termos de estudo de outros parâmetros oceanográficos, porque o navio está preparado para isso".
"E fomos encontrar aqui em Portugal toda uma boa predisposição e quadros qualificados para desenvolverem a actividade no 'Baía Farta'", reforçou.
Segundo Esperança da Costa, o navio de investigação fez o seu primeiro cruzeiro, regressou e "agora está a ser preparado para fazer o segundo cruzeiro, que leva cerca de 30 dias", e decorrerá na zona sul de Angola.
A Angop tinha noticiado na semana passada que o navio de investigação "Baía Farta" tinha suspendido, por tempo indeterminado, o seu programa de cruzeiro científico nas águas oceânicas nacionais, iniciado a 30 de Julho último, por razões técnicas.
De acordo com a secretária de Estado para as Pescas, Esperança da Costa, citada pela agência no dia 28 de Outubro, a medida visava, essencialmente, proceder a afinação/calibragem de equipamentos periféricos do navio angolano, que se encontra no país desde 2018, proveniente da Roménia.
Segundo a responsável, a paragem temporária do aparelho ocorreu depois do primeiro cruzeiro de arrasto demersal (pesca de espécies no fundo do mar), concluído com sucesso, em 10 dias, na Região Norte (Luanda-Sul do Rio Congo).
Trata-se da segunda paragem do navio, depois de em 2018 terem sido identificadas inconformidades e avarias ao longo do percurso Roménia (país de origem)/Angola.
Já em relação a outras áreas de cooperação entre os dois países no sector das pescas, a secretária de Estado de Portugal, Teresa Coelho, por seu lado, salientou que no domínio das indústrias associadas à pesca também poderá haver um reforço, mas contando com a iniciativa privada.
A governante portuguesa adiantou que, após a realização de um fórum de empresários de Angola em Portugal em 2019, será realizado um fórum de empresários portugueses em Angola.
"A questão da transformação [do pescado] e da indústria conserveira é importante para Portugal e para Angola. Há questões de investimento mútuo que podemos analisar, mas para isso nada melhor do que serem os nossos empresários a poder ver no terreno o que existe e qual o tipo de investimento que pode ser feito", comentou.
Outras matérias abordadas na reunião foram a recolha de dados, a fiscalização e combate à pesca ilegal.
A secretária de Estado das Pescas, Teresa Coelho, recebeu a sua homóloga de Angola, Esperança da Costa, a 2 e 3 de Novembro, para fazer o ponto da situação da cooperação bilateral e identificar novas áreas de trabalho conjunto.