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Banco central alerta para riscos de alterações climáticas para o sector petrolífero

As alterações climáticas têm “implicações relevantes” e riscos para as instituições financeiras que estão submetidas a uma pressão crescente no que respeita ao financiamento das actividades petrolíferas, avisou o governador do Banco Nacional de Angola.

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"As instituições financeiras vão necessariamente ter um papel muito importante no desenvolvimento sustentável, pela necessidade que vão ter de gerir os riscos financeiros originados pelas alterações climáticas e ambientais e consequentemente os seus requisitos de capital, o que irá resultar no direccionamento do financiamento para as actividades que promovem um desenvolvimento sustentável", afirmou José de Lima Massano na abertura do X Fórum Economia e Finanças, organizado pela Associação Angolana de Bancos.

A situação implica "pressões crescentes" sobre as instituições que financiam as actividades petrolíferas, o que assume particular relevância no contexto de Angola, cuja economia é sustentada na produção petrolífera.

"Existem já várias instituições financeiras e investidores muito relevantes, incluindo fundos de investimento, que não financiam nem investem no sector petrolífero. Assim, este contexto serve também para reforçar a necessidade de diversificação da nossa economia, e no mais curto espaço de tempo possível", continuou o responsável do BNA.

Lima Massano sublinhou que o tema das alterações climáticas e do desenvolvimento sustentável se tornou incontornável na agenda dos governos, empresas, instituições, organizações e decisores e que também o BNA está atento para estar alinhado com as boas práticas internacionais.

Segundo o responsável do banco central as ameaças das alterações climáticas para a estabilidade do sistema financeiro resultam de riscos físicos e de transição.

Os primeiros são relativos ao impacto financeiro resultante de fenómenos meteorológicos extremos, como secas, inundações ou tempestades, bem como da degradação ambiental, em especial a poluição do ar, água e solos.

"A ocorrência destes eventos pode conduzir directamente a, por exemplo, danos patrimoniais ou, a uma diminuição da produtividade, que se podem transformar em perdas para uma instituição financiadora da actividade ou sobre a entidade impactada", detalhou.

Quanto aos riscos de transição referem-se às perdas financeiras de uma instituição resultantes do processo de ajustamento para uma economia mais sustentável, como a adopção "relativamente abrupta" de novas políticas climáticas e ambientais, mudanças tecnológicas ou de preferências do mercado.

"No sector financeiro, os riscos são cobertos pelo capital, e assim, uma consequência inevitável da identificação destes riscos é a atribuição, pelos bancos centrais e supervisores, de requisitos de capital para cobertura dos riscos climáticos e ambientais nas carteiras de crédito das instituições financeiras, como o fazem para todos os outros riscos", apontou Lima Massano.

Por isso, acrescentou, as instituições financeiras "vão ter de gerir os riscos financeiros originados pelas alterações climáticas e ambientais e consequentemente os seus requisitos de capital, o que irá resultar no direccionamento do financiamento para as actividades que promovem um desenvolvimento sustentável".

O governador do BNA voltou a focar-se na "necessidade inadiável" de diversificação da economia angolana e disse que desde a publicação do Aviso 10/20, que serviu para impulsionar o crédito ao setor real da economia, foram concedidos 345 créditos, perfazendo um total de 593,09 mil milhões de Kwanzas, até ao final de Outubro.

"O Banco Nacional de Angola reconhece o esforço que os bancos fizeram na concessão de financiamento à economia real, mas adverte para a necessidade de se continuar neste caminho, porque não há outro – precisamos de trabalhar no sentido de assegurar que o nosso sector financeiro e a nossa economia são sustentáveis a longo prazo", concluiu.

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