"África não tem um problema de dívida com a China. Cerca de 10 países têm um problema de dívida com a China, o que deixa 44 países que não têm", enfatizou o jornalista norte-americano, enumerando Angola, Etiópia, Quénia, Djibuti e Zâmbia como os que têm "problemas de dívida graves".
A dívida de Angola à China está estimada em pelo menos 2,2 mil milhões de dólares, em grande parte com o petróleo produzido no país como colateral.
Eric Olander falava num seminário organizado pelo Instituto Real de Relações Internacionais britânico Chatham House intitulado "Relações África-China: ganhos de curto prazo ou objectivos de longo prazo?".
Segundo Olander, "África já não é tão importante para a China economicamente", pois diversificou os fornecedores de matérias-primas que comprava em África, como petróleo, minerais e madeira graças à Nova Rota da Seda.
"Até 2008, 30 por cento do petróleo da China vinha de três países africanos: República do Congo, Sudão e Angola. Em 2018, menos de 20 por cento vem apenas de um único país, Angola. Actualmente, China depende mais da Rússia, Golfo Pérsico, Estados Unidos e Brasil", vincou.
O actual principal interesse da China em África, disse, é o apoio político em organizações internacionais, como a ONU, Organização Mundial da Saúde ou Organização Mundial do Comércio contra os Estados Unidos da América (EUA).
A advogada Jacqueline Musiitwa, fundadora do escritório de advogados Hoja Law Group no Uganda, concordou, comparando África a um "peão" na luta de poder entre China e os EUA.
Sobre a potencial participação da China em iniciativas multilaterais de suspensão da dívida, a académica Liu Haifang, do Centro de Estudos Africanos da Universidade de Pequim, disse acreditar que "vai cumprir as suas responsabilidades" se o G20 decidir nesse sentido.
O G20 anunciou em Outubro que prolongou a moratória sobre os pagamentos de dívida pública a credores oficiais bilaterais até Junho do próximo ano, admitindo uma nova extensão até Dezembro caso as condições económicas e financeiras não tenham melhorado até lá.
No comunicado, o G20 anunciou também que vai realizar em Novembro uma reunião sobre o novo enquadramento que propõe para a questão da dívida pública, que subiu de forma significativa em todos os países, mas de uma forma especialmente preocupante nos países em desenvolvimento, nomeadamente em África.