"No nosso hospital, estamos a falar em mais de 4000 casos que seguimos e registamos quase 17 por cento de abandono de pacientes ao tratamento, o que é bastante preocupante", disse à Lusa o director-geral da unidade hospitalar, Rodrigues Leonardo.
Segundo o médico, o abandono do tratamento da tuberculose a nível de Angola "é ainda um problema sério, situação que faz com que os doentes depois se tornem fármaco-resistentes”. O responsável realçou que esta "é uma problemática conhecida".
"Medidas estão a ser tomadas, principalmente de aconselhamento, educação às populações, envolvimento da sociedade civil, de formas a que se consiga fazer o tratamento directamente observado", apontou.
Falando no âmbito da sexta jornada científica do HSL, que se realiza esta Sexta-feira, em Luanda, Rodrigues Leonardo deu conta de que o quadro estatístico da doença no país "não melhorou", recordando que "há dois anos a tuberculose passou a ser a terceira causa de mortes no país".
A malária é a principal causa de mortes no país e de internamentos nos hospitais, seguida dos acidentes de viação.
Sem especificar, o responsável notou que as estatísticas do hospital que dirige registam uma clara redução da mortalidade por tuberculose: "No último semestre de 2018, estávamos com 30 por cento e no primeiro semestre de 2019 reduzimos para cerca de 27 por cento".
A importância da implementação de um sistema de qualidade no diagnóstico da tuberculose, caracterização clínica e epidemiológica de pacientes com tuberculose pulmonar no HSL, comportamento clínico e nutricional em pacientes co-infectados tuberculose/VIH-Sida no HSL são alguns dos temas que serão abordados no encontro.
Para o director geral do Hospital Sanatório de Luanda, a temática sobre tuberculose/VIH/Sida "continua preocupante" porque, observou, muitos doentes acometidos de VIH morrem por doenças oportunistas "e a mais relevante é a tuberculose".
"E havendo a prevalência que temos de VIH no país é de esperar que muitos desses doentes sejam acometidos por tuberculose", concluiu.