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Operações cambiais ajudaram banca a ter crescimento em 2015

A análise da consultora internacional KPMG às contas dos bancos nacionais aponta que os resultados positivos de 2015 são justificados com as operações cambiais, reflectindo a desvalorização de 24,3 por cento do kwanza face ao dólar.

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As conclusões foram apresentadas esta Sexta-feira, em Luanda, pelo responsável da KPMG em Angola, Vítor Ribeirinho, no âmbito do lançamento da análise anual ao sector bancário, cujos dados de 2015 envolveram 27 bancos a operarem no país.

"As operações cambiais têm definitivamente um impacto muito relevante. É inequivocamente verdade", disse Vítor Ribeirinho, questionado pela Lusa e concluindo que só os resultados desta componente cresceram 83 por cento.

De acordo com o estudo da KPMG, a banca registou em 2015 um "abrandamento dos principais indicadores de actividade e dimensão, mantendo contudo elevados níveis de rentabilidade". A redução nos habituais níveis de crescimento da banca só não foi maior face ao resultado das operações financeiras decorrentes da desvalorização do kwanza, reconhecem as conclusões daquela consultora.

Ainda assim, o volume de activos sob gestão da banca subiu 16,6 por cento, em 2015, enquanto o número de agências cresceu 5,9 por cento e o número de trabalhadores 4,3 por cento.

O produto bancário aumentou 39,7 por cento em 2015 - quando no ano anterior, antes da crise, cresceu apenas 1,9 por cento -, indicador que, explicou o responsável da KPMG em Angola, "beneficiou em muito da margem complementar" dos bancos, a qual "incorpora o efeito das operações cambiais e da rentabilidade dos títulos da dívida pública emitidos em kwanzas, mas indexados ao dólar". "Beneficiando do factor de desvalorização do kwanza face ao dólar", que em todo o ano de 2015 foi de 23,4 por cento, sublinhou.

"Para os bancos, o factor cambial foi bem aproveitado. Ou por via da aplicação das suas disponibilidades em títulos de dívida pública - como forma também de financiar o Estado, já agora -, mas também por força das operações cambiais com os seus próprios clientes. Permitiu que os resultados dos bancos crescessem por essa via, em termos de produto bancário", apontou Vítor Ribeirinho.

A taxa de câmbio oficial cifra-se actualmente nos 166 kwanzas por cada dólar, quando antes do início da crise das receitas do petróleo, ainda em 2014, era de 100 kwanzas.

Para Vítor Ribeirinho, é de esperar uma nova desvalorização do kwanza no final deste ano, depois do corte de 18,4 por cento ainda no primeiro semestre.

Nos dados da KPMG, tendo em conta os respectivos relatórios e contas, o estatal Banco de Poupança e Crédito (BPC) lidera a lista do maior volume de activos contabilizados em 2015, que cresceram para 1,339 biliões de kwanzas, enquanto nos depósitos totais lidera o Banco de Fomento Angola (BFA), que subiu para 1,017 biliões de kwanzas.

"Há crescimento, sim, do sector, mas substancialmente mais contido, seguindo a tendência da economia", concluiu Vítor Ribeirinho, sobre o comportamento da banca em 2015.

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