"A economia está hoje diferente do que estava em 2009, é uma economia mais flexível devido às almofadas orçamentais [reservas] que acumulou desde o último choque petrolífero", disse Rita Babihuga.
Em entrevista à Lusa a propósito dos 40 anos da independência de Angola, a analista da agência de notação financeira Moody's explica que, "apesar de Angola não poder controlar o impacto do choque, e por isso mantendo a susceptibilidade [aos preços do petróleo], quando se olha para o peso do PIB não petrolífero, vê-se que subiu de mais ou menos 50 por cento para cerca de para 70 por cento". Por isso, conclui: "Não concordo com os críticos que dizem que nada foi feito para diversificar a economia angolana desde 2009".
Questionada sobre o estado em que poderá estar a economia quando os preços do petróleo voltarem a subir, Rita Babihuga mostra-se optimista de um ponto de vista global, mas admite que no dia-a-dia as pessoas ainda vão enfrentar dificuldades.
"Quem está a ver o kwanza a cair e a inflação a subir imenso, pode fazer graves considerações microeconómicos em termos de vida das pessoas, mas numa perspectiva de análise macroeconómica, há boas razões para pensar que o país vai conseguir suportar esta crise nos próximos anos", diz.
"Vai haver um impacto por causa do abrandamento do crescimento e em Angola, onde a média de riqueza é muito baixa, o crescimento é muito importante, mas no nosso cenário mais provável não vejo o país significativamente pior a curto prazo, pelo menos com as previsões para a evolução do preço do petróleo", adianta a analista, sublinhando, contudo, que "é preciso ajustar a política económica a um ambiente de manutenção do preço do petróleo".
Isto não significa, acrescenta, que Angola está condenada a enfrentar taxas de crescimento da economia mais baixas, antes pelo contrário: "A economia de Angola pode recuperar e ter taxas de crescimento ainda maiores do que actualmente devido a todo o potencial de crescimento da economia fora do petróleo", conclui Rita Babihuga.
Entre os sectores com mais potencial de crescimento, a analista da Moody's elenca o sector mineiro, dos diamantes, da construção, da energia e da agricultura, mas nota que "mesmo com todo o investimento, ainda continua a haver um défice de infra-estruturas, das estradas à geração de energia, portanto o potencial de crescimento existe, mas começa com investimento nessas infra-estruturas em particular".