"Tendo em conta que os estudos realizados para avaliar a relação de oferta e procura de energia eléctrica para a região de Luanda indicam a existência de um défice na ordem dos 400MW [MegaWatts], até à entrada em operação dos projectos estruturantes de produção em curso", justificam os mesmos despachos, assinados pelo Presidente José Eduardo dos Santos.
O primeiro destes quatro contratos - que se juntam a outro idêntico para a fábrica de cimento de Luanda do grupo chinês CIF - prevê a aquisição de 15,5 MW de potência à central da ENCIB Camama, envolvendo a empresa ERA (Energias Renováveis de Angola, do grupo luso-angolano Finertec), como "produtor independente", por cinco anos.
Nos mesmos moldes, outro contrato será celebrado igualmente entre a empresa pública angolana Rede Nacional de Transporte (operador responsável pela distribuição eléctrica) com a LS Energia, para garantir a aquisição de 46MW de potência a partir da central do Cazenga, nos arredores da cidade de Luanda.
Ainda na qualidade de "produtor independente", também será contratada uma potência de 50 MW a partir da Central de Viana, envolvendo a empresa Soenergy, que assim também vai fornecer electricidade à rede pública.
O quarto contrato envolve a empresa pública Caminhos de Ferro de Luanda (CFL), a partir da sua central na capital, para garantir 46 MW por cinco anos, não sendo adiantada informação sobre a forma de geração.
Estes despachos autorizam os respectivos Contratos de Aquisição de Energia, mas não adiantam valores envolvidos no negócio.
Para suprir o défice energético no país, e não apenas em Luanda, o Governo angolano tem em curso vários projectos que vão elevar a produção nacional, nomeadamente obras em duas barragens, a cargo da construtora brasileira Odebrecht.
É o caso do Aproveitamento Hidroeléctrico de Laúca, no município de Cambambe (Cuanza Norte), no valor de 4,3 mil milhões de dólares, envolvendo financiamento da linha de crédito do Brasil, e que a partir de 2017 vai produzir 2.070 MW e servir cinco milhões de pessoas.
Outra das obras envolve o reforço da potência do Aproveitamento Hidroeléctrico de Cambambe, no mesmo município, que vai passar dos actuais 180 MW - desde a inauguração em 1963, no tempo colonial português - para 700 MW e que entra em funcionamento, faseadamente, durante o segundo semestre de 2016.
Já a futura central de ciclo combinado do Soyo, cuja construção está a cargo do grupo China Machinery Engineering Corporation (CMEC), e que vai custar ao Estado angolano cerca de 850 milhões de euros, permitirá garantir electricidade à capital, Luanda, e ao norte de Angola até 2017, conforme anunciou este ano o ministro da Energia e Águas, João Baptista Borges.