Os acidentes de viação são a segunda causa de morte e ferimentos em Angola, depois da malária, estimando-se uma média anual de dois mil mortes.
Na semana passada, 10 pessoas morreram na sequência de um acidente na província de Malanje que envolveu uma viatura e motociclistas, contribuindo para as estatísticas trágicas.
Segundo o médico especialista em medicina de trabalho e tráfego Rui Capo, vão ser avaliadas a partir desta Quinta-feira e até 3 de Novembro a visão, audição e força nos membros superiores e inferiores de 500 automobilistas das províncias do Cuanza Sul, Cuanza Norte, Benguela, Huambo e do Bié.
"Vamos avaliar a visão, como é que o motorista reage àquelas luzes mais intensas (...) tem sido uma grande causa de acidentes durante a noite, vamos avaliar a acuidade auditiva, vamos avaliar o quanto temos de força nos membros superiores e inferiores", disse o médico em declarações à Rádio Nacional de Angola.
Rui Capo informou que, na mesma altura, será efectuado um inquérito para saber que doenças têm interferência directa na segurança do trânsito.
"Uma hipertensão arterial fora do controlo, pode provocar eventos cardiovasculares súbitos, que depois resultam em grandes acidentes, a diabetes 'mellitus', por exemplo, pode diminuir a nossa capacidade visual, as chamadas retinopatias diabéticas, pessoas que sofrem, por exemplo, de epilepsia, tem a questão da apneia obstrutiva do sono" acrescentou.
O médico defendeu maior rigor no atestado médico, um documento que em Angola é "meramente formal".
"Todos nós sabemos quanto é importante termos uma avaliação bem feita, porque isto garante segurança no trânsito relativamente à aptidão médica do condutor", frisou.
Segundo o médico, em 2015, foi realizado a primeira pesquisa a 330 automobilistas da província de Luanda, cujos resultados foram alarmantes.
"Encontramos casos de hipertensão arterial compatíveis com o grau 3, que causam inaptidão para conduzir. Dos cerca de 330 automobilistas, 21 por cento estariam inaptos para conduzir por causa da acuidade visual baixa, problemas com audição, fraca capacidade auditiva", realçou.
Em Maio, o comandante-geral da Polícia Nacional, comissário-geral Arnaldo Carlos, disse que o país regista em média anualmente 10 mil acidentes de viação, com uma média de dois mil mortos e 11 mil feridos.