Ver Angola

Saúde

Desvio de meios para covid-19 ameaça combate à tuberculose, alerta OMS

A interrupção dos cuidados de saúde para dar prioridade à pandemia está a pôr em risco o combate à tuberculose, que em 2019 matou cerca de 1,4 milhões de pessoas, alertou a Organização Mundial de Saúde (OMS).

:

No seu relatório anual sobre a tuberculose, a OMS salienta que muitos países estavam a conseguir reduzir a incidência daquela doença infecciosa, mas que "recursos humanos e financeiros foram deslocados da tuberculose para a resposta à covid-19".

"O número global de mortes por tuberculose pode aumentar em 200 mil a 400 mil só este ano", alerta a organização, bastando que haja uma queda de 25 a 30 por cento no número de pessoas tratadas e diagnosticadas durante um período de três meses, o que já acontece em alguns dos países mais afectados em todo o mundo.

"Continua a ser um desafio o acesso equitativo a diagnósticos atempados e de qualidade, à prevenção, tratamento e cuidado", afirmou o secretário-geral daquela agência das Nações Unidas, Tedros Ghebreyesus.

"Cerca de 1,4 milhões de pessoas morreram de doença relacionada com a tuberculose em 2019", aponta a OMS, que estima que três milhões dos 10 milhões de novos casos não tenham sido diagnosticados.

Antes da pandemia, havia "progresso sustentado" no combate à tuberculose, indica a organização: entre 2015 e 2019 conseguiu-se reduzir a incidência da doença em 09 por cento e o número de mortes diminuiu 14 por cento.

No entanto, agora verifica-se que "as metas globais de prevenção e tratamento ficarão provavelmente por cumprir se não houver investimentos e acções urgentes".

A última meta é acabar com a doença a nível global em 2030.

Este ano, "o investimento em prevenção, diagnóstico e tratamento atingiu 6,5 mil milhões de dólares, apenas metade dos 13 mil milhões acordados pelos líderes mundiais na declaração política da ONU sobre tuberculose", aponta a organização.

Um dos efeitos mais negativos foi no combate à tuberculose resistente à medicação, com "465 mil novos diagnósticos em 2019, menos de 40 por cento dos quais com acesso a tratamento", indica a OMS.

Os 14 milhões de pessoas que receberam tratamento entre 2018 e 2019 são apenas um terço da meta de 40 milhões definida até 2022.
Por outro lado, as 6,3 milhões de pessoas que começaram a ser tratadas entre 2018 e 2019 são apenas um quinto da meta quinquenal de 30 milhões.

Em três dos países com mais incidência de tuberculose – Índia, Indonésia, Filipinas –, no primeiro semestre do ano houve uma redução de 25 a 30 por cento no número de casos reportados, o que indicia um impacto nos sistemas de recolha de informação.

A OMS considera que "a expansão do uso de tecnologias digitais" no aconselhamento e apoio aos doentes é uma medida positiva para mitigar as dificuldades.

"Para reduzir a necessidade de deslocações a estabelecimentos de saúde, muitos países estão a encorajar tratamentos domiciliários, assentes em medicação oral, tratamentos preventivos e a garantir o fornecimento adequado de medicamentos para a tuberculose", indica.

A tuberculose é uma das dez principais causas de morte em todo o mundo e é a principal doença mortal provocada por um agente infeccioso único.

No entanto, 85 por cento dos casos são tratáveis com um programa de medicação distribuída ao longo de seis meses.

Estima-se que um quatro da população mundial esteja infectada com o bacilo que provoca a doença, que afecta principalmente os pulmões mas pode atacar outros órgãos.

Cerca de 90 por cento dos novos casos anuais concentram-se em trinta países de alta incidência, entre os quais Angola e Moçambique.

 

Permita anúncios no nosso site

×

Parece que está a utilizar um bloqueador de anúncios
Utilizamos a publicidade para podermos oferecer-lhe notícias diariamente.