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África obrigada a ‘apertar o cinto’ caso haja segunda vaga da pandemia

A consultora NKC African Economics considerou que a África subsaariana pode ser obrigada a uma consolidação orçamental forçada se houver uma segunda vaga da pandemia no continente ou se os preços das matérias-primas não recuperarem.

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"Perturbações decorrentes de uma segunda vaga da pandemia no comércio global ou uma recuperação mais lenta dos preços das matérias-primas arriscam criar atrasos na trajetória de crescimento ou um cenário de dupla recessão", escreveu a analista Irmgard Erasmus, numa análise sobre o impacto da pandemia de covid-19 nas economias africanas.

"Se isto se materializar, quase todos os países na África subsaariana enfrentarão uma consolidação orçamental forçada e abrupta, ao passo que um falhanço na extensão da Iniciativa para a Suspensão do Serviço da Dívida (DSSI) para além de 2020 ou a falta de acordo na reestruturação de empréstimos aos credores bilaterais não oficiais aumenta o risco de 'default'" em vários países, alertou a analista.

Na análise continental enviada aos clientes, e a que a Lusa teve acesso, a NKC mantém a previsão de recessão de 9 por cento para Angola, mais do dobro da estimativa do Fundo Monetário Internacional (-4 por cento) e alerta que o país tem "uma premente necessidade de reestrutura a dívida".

A pandemia de covid-19, sistematiza a analista, expôs as frágeis fundações externas e os deficientes enquadramentos de política contracíclica através de três canais de transmissão distintos: primeiro, as pressões orçamentais relacionadas com o aumento da despesa em saúde e o aumento do desemprego; depois a redução do comércio global e a demonstração dos gargalos logísticos existentes em África e, por último, o impacto financeiro visível no aumento dos juros, na depreciação das moedas e na saída de fluxos de capital.

"Combinados, estes factores resultaram num défice de financiamento, evaporação das opções de refinanciamento, que na prática fechou o acesso aos mercados globais de capital e colocou em causa a sustentabilidade da dívida" de muitos países desta região.

Na análise à DSSI, a analista Irmgard Erasmus escreve que "a dívida a pagar em 2020 e 2021 aos credores oficiais multilaterais representa menos de um terço do total dos pagamentos devidos pelos países da África subsaariana", estando o resto nas mãos de, entre outros, credores privados que não participam nas iniciativas de alívio da dívida.

No relatório, especifica-se ainda que "o adiamento dos pagamentos a credores bilaterais não oficiais, com a China à cabeça, pode ser crítico para reduzir o peso da dívida em países como a Zâmbia e Moçambique", país que deverá enfrentar uma recessão de 3 por cento, segundo a NKC.

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