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Portuguesa inaugura exposição em Berlim com fotografias de Angola na década de 70

Tatiana Macedo, vencedora da primeira edição do prémio português Sonae Media Art 2015, estreia na Quarta-feira em Berlim a exposição "Bela", adaptando e expandido retratos da tia em Luanda, nos anos 1970, tirados por um fotógrafo angolano.

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"A perspectiva ali é mesmo a dele, a do fotógrafo angolano que a perseguiu como modelo/tema, a ela e à paisagem, e que foi através do olhar dele que eu continuei este projecto e o expandi, como quem adapta uma obra literária para cinema, aqui expandindo a obra fotográfica no espaço das duas salas", explicou Tatiana Macedo, em declarações à agência Lusa em Berlim.

As imagens fazem parte de "uma espécie de álbum de família” que pertencia à sua tia tiradas em Luanda entre 1973 e 1974, disse Tatiana Macedo, acrescentando que, uma vez que o fotógrafo morreu pouco depois, sente como se estivesse "a colaborar com ele e, ao mesmo tempo, a prestar-lhe uma pequena homenagem".

Com pai português e mãe angolana, Tatiana Macedo acredita que os registos da presença dos portugueses nas ex-colónias são ainda "uma espécie de tabu", salientando que ainda há "uma certa resistência" a tratar o tema em termos artísticos.

"Quando se vêem registos desta época, destas pessoas, deste lugar há quem acuse estes olhares de serem olhares nostálgicos, alguns se calhar são. Como não ter nostalgia de um passado, especialmente quando se foi feliz. Isso também deve ser assumido e abordado de forma muito directa", referiu a artista.

A vontade de trabalhar com este arquivo é antiga, mas só agora, durante a residência artística no aclamado centro Künstlerhaus Bethanien em Berlim, na Alemanha, Tatiana Macedo conseguiu o tempo necessário para analisar as imagens.

A artista trabalhou a fotografia de forma expandida, técnica que começou a desenvolver em Berlim, apresentando os resultados nesta exposição que, pela primeira vez, reúne fotografia e vídeo.

Tatiana Macedo decidiu "apagar as marcas do tempo" presentes nas fotos, retocando-as digitalmente, de forma a transmitir-lhes intemporalidade.

A apresentação das peças é feita tendo em conta as diferentes distâncias do observador, com diversas escalas e tamanhos, acabando por exibir novos enquadramentos na instalação de vídeo.

"Foco-me na terra, no território, do contacto do corpo com a terra, com a areia, com o mar, é um olhar para baixo. A exposição em si vai privilegiar o olhar para baixo, até porque vou mostrar as imagens de grande escala montadas em cima de plataformas que estão muito próximas do chão", revelou.

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