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Saúde

Angola estuda produção de soro contra veneno de serpentes nativas

Angola estuda a produção de soro contra veneno de serpentes nativas, num momento em que o país tenta também avaliar o impacto das mordeduras. O Estudo Imunoquímico do Veneno das Serpentes está a ser desenvolvido pela Faculdade de Medicina da Universidade Lueji A'Nkonde de Angola, em colaboração com a Universidade do Porto, Portugal. A notícia é divulgada pelo Jornal de Angola que faz referência a um documento daquela universidade com sede na província angolana de Malanje, no Norte do país.

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De acordo com o documento, o estudo está a ser desenvolvido pela Faculdade de Medicina da universidade angolana, em parceria com o laboratório de Toxicologia da faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, Portugal, e com o Instituto brasileiro Butantan.

O estudo tem como objectivo permitir a produção do primeiro soro antiofídico com a composição de venenos de serpentes existentes em Angola.

Aquela instituição lamenta que a maioria dos países africanos ainda continuem a importar produtos de laboratórios da Europa e dos Estados Unidos, onde as serpentes existentes não são as mesmas que em África, devido à falta de produção nacional de antivenenos.

No decurso do referido estudo, foi realizada uma actividade de campo, que permitiu a captura de oito serpentes - sete do tipo bitis arietans e uma bitis gabónica - para o serpentário criado pelo Centro de informação de Medicamentos e Toxicologia (CIMETOX), da Faculdade de Medicina daquela universidade pública.

A captura dessas cobras ocorreu durante a expedição "Ndala Lutangila", que permitiu a criação da "Estratégia de Prevenção de Mordeduras de Serpentes em Angola", que garantiu ao país lusófono o primeiro lugar na Feira do Inventor/Criador Angolano, e na Alemanha a medalha de ouro na Feira de Inovação, Ideias e Novos Produtos.

A universidade lamenta que em Angola o quadro epidemiológico das mordeduras por serpentes "é, até ao momento, desconhecido", e que os pacientes, particularmente dos zonas rurais não procuram ou não têm acesso aos serviços de saúde, assim dificultando o controlo oficial dos casos.

Segundo o documento daquela universidade pública, Angola, que figura entre os países sem registos, encontra-se na região 18 da África subsariana central, onde a estimativa de envenenamentos varia entre as 18.176 a 47.820 anual, dos quais resultam em mortes 256 a 3.083 pessoas.

Para transmitir uma ideia do quadro, a universidade socorreu-se de dados da República do Congo, vizinha de Angola, onde anualmente as estatísticas apontam para uma variação de 120 a 450 mordeduras anual, por cem mil habitantes.

Acrescenta que as principais vítimas são agricultores, salientando que os "complexos efeitos fisiopatológicos dos venenos ofidicos resultam em disfunções e sequelas quando não tratados adequadamente", e que anualmente resultam na África subsariana devido a mordeduras de serpentes em 6.000 amputações.

Preocupado com a situação, que em África continua a merecer pouca atenção das autoridades de saúde pública, a universidade Lueji A'Nkonde tem formado profissionais de saúde para o atendimento às vítimas de mordeduras de serpentes.

 

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