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Economista-chefe do BPI: Emissão de dívida pública por Angola "é uma boa notícia"

A economista-chefe do BPI considerou que o anúncio da emissão de títulos de dívida pública de Angola no valor de 1,5 mil milhões de dólares, "a concretizar-se, será uma boa notícia".

Kostadin Luchansky:

"A eventual concretização de emissão de um 'eurobond', ou seja, conseguir nesta altura um financiamento extra, seria bastante importante e favorável na situação actual porque permitiria suavizar os ajustamentos necessários decorrentes da queda dos preços do petróleo", disse Paula Carvalho, em declarações à Lusa.

"Se efectivamente a emissão se concretizar, significará possivelmente que a necessidade de proceder à desvalorização cambial adicional poderá ser suavizada e todos os ajustamentos implícitos a esta situação [de quebra de receitas] poderão ser suavizados", vincou a analista do BPI.

Angola anunciou que está a preparar a emissão de títulos de dívida em moeda diferente da usada no país ('eurobonds') no valor de até 1,5 mil milhões de dólares, estando agendado para segunda-feira o início das reuniões com os potenciais investidores, nos Estados Unidos e na Europa.

Questionada sobre as taxas de juro que seriam comportáveis para uma economia em abrandamento como a de Angola, Paula Carvalho escusou-se a avançar um valor, explicando que "o referencial é sempre mais elevado que no mundo desenvolvido, porque tem um potencial de crescimento de longo prazo superior e está muito dependente do dólar, por isso não é tão simples de fazer as contas" e calcular o limite da sustentabilidade da dívida.

"Se a economia tivesse um crescimento nominal igual ao dos últimos cinco anos, suportaria facilmente taxas de juro na ordem dos 7 ou 8 por cento, mas esta situação [de crise petrolífera] vem por em causa esses dados e há que pensar no ritmo sustentável daqui para a frente, o que reduz a fasquia" de da dívida comportável por Angola, que deverá crescer cerca de 4 por cento neste e no próximo ano.

De acordo com informação divulgada pelo Ministério das Finanças, esta operação, na forma de ’eurobonds' - uma emissão de títulos de dívida pública em moeda diferente daquela usada no país do emissor -, surge ao abrigo da política de gestão de finanças públicas do executivo angolano, no âmbito do "programa de desenvolvimento económico e financeiro de longo prazo".

A mesma informação, a que a Lusa teve acesso, justifica que esta operação "coroa os esforços iniciados em 2011”, quando o recurso às fontes de financiamento tradicionais, como bilateral, comercial e linhas de crédito, "mostrava já alguma concentração", algo que “não é recomendável” do ponto de vista da gestão dos riscos e dos custos associados.

A situação, por "aumentar a exposição do país a um determinado financiador", levou o Governo a procurar "fontes de financiamento alternativas".

Este processo - o lançamento chegou a ser anunciado para Setembro, mas ficou suspenso devido às condições de mercado - foi conduzido, através de uma carta-mandato emitida pelo Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, conforme a Lusa noticiou anteriormente, pelos bancos Goldman Sachs International, Deutsche Bank e Industrial and Commercial Bank of China (ICBC), que actuaram como "agentes em representação da República de Angola nas emissões soberanas que o país hoje realiza".

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