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Defesa

Frente Nacional de Libertação de Angola ainda luta, mas para não cair no esquecimento

A Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), que iniciou a luta de libertação, como reivindica o seu actual líder, está hoje esquecida e nem sequer tem sido convidada para as festividades do dia da independência.

Angop:

“A FNLA assumiu um papel importantíssimo na luta de libertação de Angola, desde o primeiro dia até à independência, nunca intransigimos e hoje somos esquecidos no dia das comemorações”, lamenta Lucas Ngonda, em declarações à agência Lusa, a propósito dos 40 anos de independência que o país comemora a 11 de Novembro.

Em 1967, com 27 anos, Lucas Ngonda começou a militar naquela força, que, recorda, “alertou ao mundo que em Angola havia luta de libertação”. “Em muitas festividades da independência, a FNLA até é ignorada. Nem somos sequer convidados para participar na tribuna de honra, o que é muito grave. Isto é muito grave. Esperemos que agora isto, talvez, não aconteça”, conta, revoltado, Lucas Ngonda.

O político interpreta o facto como “um país conquistado, onde aqueles que não ganharam são afastados definitivamente”. “Mas isto não é lógica para a reconciliação nacional. Se nós quisermos uma Angola estável todos nós temos que nos dar mão na mão para avançar e não comprometer as gerações futuras”, defende.

O alcance da paz com o fim da guerra civil, depois de quase três décadas de destruição, é destacado por Lucas Ngonda, sublinhando, no entanto, que muitos aspectos estão ainda por resolver, como a reconciliação nacional.

E a integração de muitos dos que participaram nos dois momentos mais difíceis de Angola – luta pela independência e de guerra civil – é o principal desafio. “Imagine que este país, 14 anos de luta de libertação, ‘n’ pessoas participaram no combate para a libertação de Angola, muitos foram morrendo nas prisões, outros sobreviveram até à presente data. Tentou-se encontrar soluções, mas não há uma solução de integração destas pessoas. A FNLA é um exemplo disso”, enumera.

Lucas Ngonda, que no dia 11 de Novembro de 1975 proclamou a independência de Angola na província do Uíge, no norte do país, ao lado de Ngola Kabango, na altura ministro do Interior, e hoje seu principal opositor no partido, assume que a FNLA é a força política com o maior número de antigos combatentes, a maioria sem pensão do Estado.

“Hoje temos todos os antigos combatentes nos nossos braços, alguns conseguiram uma declaração de antigos combatentes para ganharem 20 mil kwanzas por mês. O que é que eles podem resolver com este dinheiro”, questiona.

A data, segundo Lucas Ngonda, deveria ser aproveitada para condecorar os que lutaram para Angola independente, mas o que se verifica nos últimos tempos é algo diferente, considerando que se “convidam os grupos carnavalescos para a dança”.

Sobre o futuro do partido, o líder disse que o desafio é tornar-se mais visível, melhorando assim os resultados alcançados nos três últimos pleitos eleitorais.

“Desde 1992, o velho Holden (Roberto, fundador do movimento) ainda estava em vida, que o partido tem sofrido uma regressão enorme”, reconheceu. Como causas como o fim da guerra, mas rejeitando as alegações das divisões internas que o partido vem assistindo nos últimos anos.

“Se tivéssemos participado na guerra civil até às últimas consequências é bem possível que a FNLA não teria este tipo de resultado, seria um resultado mais vantajoso, mas o facto de termos estado ausente nas grandes questões da luta e a nossa luta de pacifista não foi sentida pelas populações, esta é uma das razões desses resultados”, admite.

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