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Grupo manifesta-se contra violência policial em Angola na maior cidade do Brasil

Um pequeno grupo de estudantes angolanos realizou um protesto este Sábado em frente do Consulado de Angola, em São Paulo, a maior cidade do Brasil, contra a violência policial no país, agravada pela pandemia de covid-19.

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Os participantes estavam vestidos de preto, levavam cartazes e apresentaram-se como jovens independentes que estudam no Brasil e não têm qualquer vínculo com o Governo angolano.

Aura Bianca Vasconcelos, 25 anos, uma das promotoras da acção, explicou que decidiu convocar amigos e activistas para realizar a primeira manifestação de angolanos no Brasil depois de ver outros protestos que ocorreram em Angola e também em Portugal, contra violência policial durante a pandemia.

"Queremos mostrar aos angolanos que eles podem ir às ruas de forma pacífica, podem manifestar-se e podem recorrer aos seus direitos humanos que também têm sido violados neste período de pandemia, coisa que tem sido feita pelos agentes policiais", explicou a jovem.
Aura Bianca Vasconcelos frisou que a manifestação foi convocada e organizada através das redes sociais, em grupos no Facebook e também a partir da aplicação WhatsApp, na última semana.

"Infelizmente os angolanos têm muito medo ainda de manifestar por causa de nosso histórico político, fomos oprimidos durante muitos anos e ainda somos. Nós que estamos na diáspora não temos este medo e viemos inclusive mostrar nossas caras no Consulado", disse a jovem.

O protesto começou às 10h00 (14:00 em Luanda) e decorreu à frente do Consulado angolano, numa área nobre da cidade.

Parados em frente ao prédio consular, os manifestantes entoaram cantos, fizeram homenagens, leitura de textos e palavras de ordem,além de um minuto de silêncio pelas vítimas da brutalidade policial em Angola.

Uma das manifestantes, Weza Nárcia Pinto Mingosso, de 22 anos, disse que, apesar de viver no Brasil, é importante aderir ao protesto para dar sinais a Angola.

"A hora é essa de nós mostrarmos que somos a mudança, precisamos acreditar em nós, ir às ruas e mostrar para o nosso Governo que não estamos contentes com o que está acontecendo em Angola", afirmou a jovem.

Outro estudante que aderiu ao acto foi Alberto Dias, de 29 anos: "A grande motivação de estar aqui é mostrar às pessoas, evidenciar e [fazer] com que o Governo trocasse sua gestão e os erros que tem cometido. Isto vem culminando com estes incidentes que infelizmente tem ceifando não só a vida do nosso médico, como [a de] outras pessoas que foram vítimas desta violência policial", explicou.

O estudante citou o caso do médico Sílvio Dala, que morreu no dia 1 de Setembro, quando foi levado pela polícia para uma esquadra, porque se encontrava a conduzir sem máscara facial, em Luanda.

A morte de Sílvio Dala desencadeou uma série de protestos em Angola e outros países, incluindo Portugal.

Os manifestantes pedem o fim da violência policial na sequência das várias mortes associadas à actuação da polícia desde o início da pandemia de covid-19.

Sobre a pequena adesão ao protesto no Brasil, os promotores minimizam. "Mesmo que fossemos cinco, sete ou dez, seria uma mudança, seria algo diferente, algo que nunca foi feito aqui em São Paulo", disse Weza Nárcia Pinto Mingosso.

"Independentemente do pessoal que aderiu ou não para nós é muito importante reunir estas [pessoas] que estão aqui hoje porque isto mostra que nós queremos mudanças. Vamos fazer a diferença aqui a partir do Brasil", concluiu a jovem angolana.

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