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Ministério pede calma aos profissionais de saúde após morte de médico em esquadra

O Ministério da Saúde apelou à calma a comunidade médica, depois da morte de um médico numa esquadra policial, para onde foi levado por não estar a usar máscara facial, em circunstâncias ainda por esclarecer.

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Numa nota de condolências, lida pelo secretário de Estado para a Saúde Pública, Franco Mufinda, as autoridades expressaram a sua "mais profunda consternação" pela morte de Sílvio Dala, director clínico do hospital materno-infantil de Ndalatando, "destacado em missão de formação no Hospital Pediátrico David Bernardino, em Luanda, na noite do dia 1 de Setembro, quando se encontrava sob custódia policial, em circunstâncias ainda não completamente esclarecidas".

Franco Mufinda disse que desde a primeira hora o Ministério da Saúde solidarizou-se para prestar todo o apoio logístico, psicológico e moral à família.

"O Ministério da Saúde junta-se a outras instituições do executivo, mormente a Procuradoria-Geral da República e o Ministério do Interior, que instauraram um processo-crime com vista a esclarecer as circunstâncias reais em que ocorreu (...), assim como a respectiva responsabilização de eventuais prevaricadores", referiu.

O governante frisou que o ministério "reitera o seu firme compromisso para a com a vida e integridade física, psicológica e moral dos médicos e de todos os profissionais de saúde, especialmente neste tempo particularmente desafiante, em que eles são de facto a linha da frente no combate à covid-19", realçou.

"O Ministério da Saúde apela à comunidade médica e a todos os actores do sistema de saúde à calma e serenidade e não desmotivar na nobre missão de salvar vidas, a qual estamos obrigados pelo juramento de Hipócrates", disse.

Sobre o caso, o Ministério do Interior, num comunicado, confirmou a morte do médico, que foi conduzido pela polícia a uma esquadra, em Luanda, por supostamente circular na via pública sem máscara facial, obrigatória, devido à covid-19.

O documento refere que após dirigir-se à esquadra dos Catotes, no Rocha Pinto, foi explicado ao médico os moldes de pagamento da multa e este, não tendo um terminal de multibanco nos arredores, telefonou a um familiar próximo para proceder ao pagamento da coima.

A nota adianta que o médico "minutos depois, apresentou sinais de fadiga e começou a desfalecer, tendouma queda aparatosa, o que provocou ferimentos ligeiros na região da cabeça".

"Devido ao seu estado grave, foi conduzido para ser socorrido ao Hospital do Prenda mas no trajecto acabou por perecer", sublinha o documento, frisando que o Serviço de Investigação Criminal interveio, removendo o corpo para a morgue do Hospital Josina Machel.

De acordo com as autoridades, a família do médico confirmou que este padecia de hipertensão, porém, por imperativos legais, será efectuada autópsia ao cadáver para que se determine a causa da morte.

Entretanto, o Sindicato Nacional dos Médicos contraria a versão da polícia, adiantando que depois da queda o médico foi alegadamente mantido na cela e horas depois foi encontrado morto.

"Só assim entenderam leva-lo para o Hospital do Prenda, na viatura da polícia, onde apenas foi confirmada a morte. A sua paragem cardiorrespiratória irreversível", refere o sindicato.

Um grupo de colegas do Hospital Pediátrico David Bernardino, onde trabalhava a vitima, depois de tomar conhecimento, deslocou-se à referida morgue e surpreendentemente a gaveta estava cheia de sangue.

"O colega apresenta uma ferida incisiva, tipo corte na região occipital o que presumimos ter sido submetido a agressões e duros golpes de que resultou naquela ferida e abundante sangramento", realça o sindicato.

Entretanto, fonte do Ministério do Interior avançou que a autópsia feita na presença da família e de um procurador, concluiu que o médico não foi alvo de qualquer agressão.

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