"Sobre a ida aos mercados, temos de olhar para o contexto: se quiséssemos ir hoje aos mercados iríamos pagar preços absurdamente altos devido às condições económicas e de perceção relativamente à situação das nossas contas públicas", argumentou a ministra das Finanças durante uma entrevista ao 'site' AfricaNews.
Na entrevista, Vera Daves disse que o Governo tem privilegiado a contração de dívida concessional, isto é, a entidades multilaterais ou credores institucionais, com taxas de juro abaixo das praticadas pela banca comercial.
De acordo com os dados da agência de informação financeira Bloomberg, os investidores estavam a exigir juros na ordem dos 13 por cento, acima dos cerca de 10 por cento acordados na última emissão de dívida pública que Angola fez nos mercados financeiros.
Sobre a sustentabilidade do volume de dívida face ao Produto Interno Bruto (PIB) do país, a ministra considerou que o rácio de mais de 100 por cento é sustentável e lembrou que o Fundo Monetário Internacional (FMI), na terceira revisão ao programa, partilha a mesma opinião.
"Esta decisão da administração do FMI mostra que aprovaram o plano do programa e prova que, apesar da forte pressão, a dívida é sustentável e por isso vamos ter acesso a um desembolso de 500 milhões de dólares já, e mais 500 milhões na próxima revisão, ficando disponível agora, por estes dias, um valor de mil milhões de dólares, devido ao aumento do montante total do empréstimo]", disse a governante.
A pandemia de covid-19 exacerbou a pressão sobre a economia nacional, que enfrenta uma recessão há quatro anos, e que se deverá prolongar por mais este ano, a que se junta a descida do preço das matérias-primas, nomeadamente o petróleo, e o abrandamento da procura e do investimento internacional.
O conselho de administração do FMI aprovou na semana passada o pedido de Angola para o aumento da assistência financeira, desembolsando de imediato mil milhões de dólares e elevando o total do programa para quase 4,5 mil milhões de dólares.