Francisco Paciente, que falava na Sexta-feira à imprensa na sequência dos três dias de paralisação dos "azuis e branco" (como são conhecidos os taxistas em Angola), marcado por tumultos e episódios de arruaça, pilhagens e vandalização, disse que a ANATA e demais organizações haviam desconvocado a greve.
"A ANATA não foi a organizadora da greve de três dias, pois a paralisação já havia sido cancelada (...). Foi sim convocada, mas dias depois foi desconvocada, e pensamos que a desinformação de indivíduos aproveitadores não ajudou a que os taxistas se apercebessem da suspensão da greve", disse.
Segundo o responsável, pessoas estranhas estiveram por detrás da paralisação dos taxistas, sobretudo em Luanda, e aproveitaram para promover os actos de vandalismo e violência que resultaram em 30 mortos e mais de 270 feridos.
Paciente condenou as acções de vandalização de bens públicos e privados e lamentou as mortes: "Nós condenamos veementemente essas acções que, sob pretexto da greve dos taxistas, indivíduos estranhos aproveitaram para vandalizar bens alheios".
A delegação em Luanda da ANATA decidiu, no segundo dia da paralisação, manter a greve dos taxistas, apesar da direcção nacional ter anunciado a suspensão da paralisação convocada entre 28 e 30 de Julho, como noticiou anteriormente a Lusa.
Em comunicado, a ANATA Luanda expressou "profunda preocupação face aos distúrbios e actos de violência ocorridos no dia 28 de Julho de 2025, na cidade capital" e demarcou-se "completamente dessas acções", reafirmando que "tais comportamentos não representam a classe dos taxistas".
Ainda assim, decidiu manter a greve pelos três dias previamente anunciados.
A direcção nacional da ANATA, por sua vez, anunciara na Segunda-feira a suspensão da greve "para evitar que indivíduos estranhos à classe e aproveitadores, com fins inconfessos, continuem a perturbar a paz social", mas a paralisação decorreu mesmo nos três dias previstos.
Na Sexta-feira, Francisco Paciente contestou também a detenção do seu vice-presidente na província de Benguela, onde foram igualmente registados distúrbios nos dias da greve, considerando que a detenção de Rodrigo Catimba, ocorrida na Quinta-feira, "é ilegal".
"Essa detenção é ilegal, porque em momento algum a ANATA recebeu algum mandado contra o seu vice-presidente. Que haja interrogatórios e que abram portas para os advogados perceberem os motivos que levaram à detenção do nosso vice-presidente", referiu.
Familiares de Rodrigo Catimba relataram à Emissora Católica de Angola que este foi tirado de casa e levado à força, e sem qualquer mandado de detenção, por um grupo de indivíduos supostamente afectos ao Serviço de Investigação Criminal (SIC) daquela província.
O Presidente da República afirmou que "quem quer que seja que tenha orquestrado e conduzido" os tumultos registados na semana passada em Angola "saiu derrotado".
João Lourenço condenou ainda os actos de vandalismo e pilhagem que provocaram mortos, feridos e destruição e expressou pesar às famílias enlutadas.
