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Transportadora TCUL amortiza dívida de 700 milhões de kwanzas com segurança social

A empresa pública Transporte Coletivo Urbano de Luanda (TCUL) está a amortizar uma dívida de 700 milhões de kwanzas, com o Instituto Nacional de Segurança Social (INSS), informou o presidente da transportadora.

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A informação foi avançada pelo presidente do Conselho de Administração da TCUL, à margem da entrega ao governo da província de Luanda de 71 novos autocarros, para distribuição às cinco operadoras do mercado.

Pedro Pereira, no cargo desde 2020, disse que herdou o passivo de quatro administrações, salientando que depois de chegar a acordo com INSS, a empresa começou a pagar a dívida, a partir do ano passado, desembolsando mensalmente 10 milhões de kwanzas.

"A TCUL tinha gravíssimos problemas do ponto de vista de gestão. Estamos a falar de problemas que considero crónicos. Não é possível você trabalhar e depois chegar no período de reforma e a empresa deve ao instituto, sem condições de poder realmente lançar para a aposentação as pessoas que deram a sua vida", afirmou Pereira, avançando que a situação afecta 148 trabalhadores.

Segundo o presidente da transportadora, a mais antiga do país, a empresa tem uma obrigação corrente com o instituto em torno de 18 milhões de kwanzas, pelo que se trata de um esforço financeiro de 28 milhões de kwanzas.

"A TCUL entrou na sua quinta geração, liderada por mim, já passaram pela TCUL dois directores-gerais e dois presidentes de Conselho de Administração. O Conselho de Administração herdou esse passivo, o importante é que estamos a resolver", frisou.

Pedro Pereira frisou que à medida que vai sendo amortizada a dívida, os trabalhadores que abarcam o período coberto vão passando à reforma.

De acordo com o responsável, a empresa enfrentava "problemas gravíssimos", nomeadamente atrasos salariais, com dívidas de um, dois meses, situação que foi regularizada desde 2018.

"Reconhecemos que a TCUL tinha problemas gravíssimos para a progressão na carreira, não havia o qualificador ocupacional (...), o que já foi implementado", referiu Pedro Pereira, acrescentando que na ausência do qualificador foi implementado o subsídio de diuturnidade, que também se encontrava em dívida, num valor que rondava os 400 milhões de kwanzas, equivalente a 33 meses.

"Hoje ninguém vai dizer que a empresa ainda deve o subsídio de diuturnidade, conseguimos pagar tudo", disse.

O presidente do Conselho de Administração da TCUL admitiu que existem ainda "problemas sérios de evasão de receitas".

"As pessoas, alguns dos nossos funcionários, trabalhadores, usam práticas que vazam as receitas para os próprios bolsos. Colocando pessoas [no autocarro] na porta de trás", lamentou o responsável, citando outras práticas que lesam a empresa.

"Estamos a fechar o cerco e a ter um maior controlo dos meios. O sistema de bilhética veio facilitar muito esse processo. Estamos a colocar câmaras dentro dos autocarros, temos imagens de colegas que estão a tirar dinheiro em seu benefício, há ainda trabalhadores que colocam pessoas pela porta de frente, permanecendo naquele espaço sem passar pela catraca, descendo pela porta de frente", denunciou.

Segundo Pedro Pereira, "algumas pessoas estão descontentes com a mudança de rumo para uma gestão melhor".

"São essas práticas de controlo da empresa que as pessoas não estavam acostumadas que temos que implementar para uma empresa mais saudável com benefício nosso, para o trabalhador, para a sociedade, para o país", realçou.

Pedro Pereira, sublinhando que herdou "problemas muito sérios" na empresa, garantiu que a solução passa por três fases, a primeira e atual, de sobrevivência, a segunda, de tranquilidade, e a última, de crescimento.

"A TCUL foi sobrevivendo, foi se arrastando, é a TCUL que nós encontramos e estamos a levar a TCUL para a estabilidade. A TCUL está nesta transição entre a sobrevivência e a estabilidade. Estabilizando, vamos ter que projectar a empresa para a terceira fase, que é o crescimento", apontou.

Com uma frota de 236 autocarros, a empresa tem um número de trabalhadores em torno de 11 ou 12 pessoas por cada veículo.

"Nós para sermos eficientes temos que tender para esse rácio internacional, normalmente são quatro a seis trabalhadores por autocarro, e nós temos em torno de 11 ou 12 trabalhadores por autocarro", notou.

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