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Renato Fialho: “Não vejo muitas outras formas de me comunicar de forma mais honesta e pura”

Renato Fialho é um pintor autodidacta que nasceu em 1977, em Lisboa, onde estudou Design. Viveu 10 anos no Canadá. Actualmente vive em Angola, de onde é originária a sua família, e onde se radicou há já alguns anos. Desde 1996, entre Portugal e Angola, já participou em diversas exposições colectivas e individuais, e com os seus trabalhos pretende apenas mostrar o seu olhar sobre o que vê, sente e sonha. Não ambiciona nenhum prémio em especial, mas gostava de expor o seu trabalho numa ilha deserta “onde só lá ia quem o quisesse mesmo ver”.

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Como entrou para o mundo dos pincéis?

Começou com a ideia de que seria um mecanismo para me expressar ao mundo, de como eu o vejo e sinto. E surgiu no ensino secundário nas aulas de Oficina de Artes.  

Teve educação artística? Pintores na família? Foi educado familiarmente ou academicamente?

Sou autodidacta, a nível de pintura, e apenas tive a formação secundária de Oficina de Artes, como base da minha formação artística, para além da componente de Design, nas outras disciplinas associadas à minha área. 

Quem são os seus mestres na arte?

São muitos os artistas que admiro desde o meu início como artista plástico, mas possivelmente os mais marcantes serão, até à data, Dali, Basquiat, Turner, Bacon, HR Giger, Bosch e Van Gogh. 

Em que se baseia a sua pintura? Que temas aborda?

Abordo os temas mais variados, mas principalmente são coisas que visualizo no meu dia-a-dia, na vida real e em sonhos. Baseia-se muito na fragmentação de imagens figurativas, muitas vezes no seu envolvente. A figura humana é para mim um dos aspectos mais significantes na minha forma de expressão.  

Que técnicas utiliza para pintar? As suas temáticas condicionam as técnicas?

As técnicas utilizadas são principalmente através de óleo e acrílico, sobre tela, em que a utilização de linhas e cor são os instrumentos principais da minha estética. Não vejo muitas outras formas de me comunicar, de forma mais honesta e pura. 

Quais os materiais que mais gosta de utilizar quando pinta?

São pincéis, canetas, óleo e acrílico, assim como tinta, a aplicar em tela de algodão. 

Calcula e premedita as suas pinturas? Ou há intuição, inspiração e outros factores que o influenciam?

Muitas das minhas obras passam por dois processos. O primeiro, mais de intuição de aplicação de tinta e cor, de uma forma inesperada e livre, de movimento e força. E o segundo, parte inteiramente estudado e trabalhado, para se representar através de linhas e formas mais rigorosas, em que o rigor da sua fragmentação, leva a quem observa a puxar pelo ver para perceber.

A cada quadro corresponde uma ideia? 

Cada quadro corresponde a uma ideia e a um olhar. Quase como se de uma fotografia se tratasse a nível de captura visual. 

O que destaca na sua obra?

A obra que mais gostei de pintar, possivelmente, foi a primeira. Pela simples razão de ter iniciado a minha vontade e fascínio pelo que foi feito até agora.  

A sua primeira exposição individual foi no Centro Comercial Pedralvas, em Lisboa. O que sentiu quando expôs individualmente pela primeira vez?

Senti uma enorme responsabilidade em deixar uma marca, e em representar-me da maneira mais digna, como amante das artes, e do meu trabalho artístico. 

Já viveu em três países diferentes. De que forma as vivências e experiências, que recolheu nos três continentes por onde passou, influenciam o seu trabalho?

Influenciam de uma forma muito directa, pelo motivo de representarem na minha obra, muito do que vejo na vida e nas pessoas. E não consigo deixar de marcar que cada sítio só me fez crescer, à sua maneira, com a principal base que são as pessoas que fazem isto tudo mexer. A vida é vivida de formas diferentes, em sítios diferentes, mas sempre com uma só base: vida. E essa é a que nos permite sentir em casa, em qualquer sítio.

Onde gostou mais de expor e porquê?

Não tenho nenhum sítio preferido. Cada local teve a sua magia e proveito, para mim e para os meus. 

Onde é que ainda não expôs, mas gostava de mostrar o seu trabalho?

Ainda não expus em milhares de sítios. Um dos sítios onde gostaria de expor, seria numa ilha deserta ainda por definir, onde só lá ia quem o quisesse mesmo ver, um trabalho dedicado ao local e visitante. Ou então no Louvre, sinal que a minha obra seria admirada por muitos que amam a arte. 

Que reacções é que a sua obra quer despertar nas pessoas?

Não sei que reacções têm as pessoas ao ver a minha obra, porque cada uma sente algo diferente, mas a minha pretensão no que faço, é apenas transmitir o meu olhar, sobre o que vejo, sinto e sonho nesta vida. 

Pinta para um estrato social específico? Qual o seu público-alvo?

O meu público-alvo é simples, chamam-se pessoas.

Relativamente a prémios... Quantos e quais já ganhou? Ambiciona algum em especial?

Ganhei uma menção honrosa no Ensarte 2016, mas não tenho ambição nesse aspecto.  

Por fim, a pintura constitui uma necessidade, vocação ou exigência?

As três. 

 

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