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Janelo da Costa: “O concerto mais memorável vai ser em Angola, na minha terra natal, Luanda”

Contam já com 18 álbuns editados e pretendem editar mais cinco entre este ano e o próximo. Janelo da Costa dá voz à banda Kussondulola, que dispensa apresentações, e é também o seu compositor. O autor dos famosos temas “Dança no Huambo” e “Perigosa” nasceu em Luanda, mas foi em Portugal, há mais de 20 anos, que se tornou pioneiro do reggae, com o projecto Kussondulola, que se popularizou por incorporar o reggae com o semba e o kilapanga. Apesar de todo o sucesso, ainda não actuaram em Angola, por falta de oportunidade, mas Janelo acredita que estará para breve.

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A partir de que momento é que a música passou a ocupar espaço na sua vida?

Saudações e vibrações para todos os amantes da música reggae, e para aqueles que virão a ser amantes da música reggae… Bem, a música passou a ocupar espaço na minha vida desde sempre. Desde muito cedo, que me lembre, sempre houve música na minha casa. O povo angolano teve a música sempre presente, como uma dádiva de Jah.

Quem são os seus ídolos, as suas referências na música?

É um longo percurso… Isto tudo aconteceu quando o Bob Marley arrebentou com o reggae pelo mundo, e aí tive oportunidade de agarrar um disco da minha mãe, do Peter Tosh, ele que passou a ser o meu mentor fundamental, na minha maneira de ver o reggae. A partir daí, foi um longo percurso. Muitas experiências de músicos, cantores, intérpretes de Angola, Brasil e Jamaica, de um determinado período, que fizeram muita coisa boa para seus povos, são sem dúvida as minhas referências.

O que o levou a ser músico profissional em Portugal?

Sempre fui amante da música, sempre tive a tendência de querer ser músico, e percorri vários caminhos. O reggae, deu-me vontade de fazer uma música que desse algo positivo à minha geração. Apoiar com música e palavras, foi assim que sempre fizeram aqueles artistas que são a minha referência na música.

O que é o reggae representa para si? É apenas um estilo de música ou um modo de vida?

Reggae é música do coração. Um estilo que me ajuda a alcançar o altíssimo.

Kussondulola... Como surgiu esse nome? E como surgiu este projecto de sucesso?

Nome da minha bisavó. A minha mãe já tinha projectos com o nome, e daí foi só dar seguimento. Usar um nome africano, claro, o nome de família, serviu bem. Kussondulola é para durar e o nome diz tudo. É uma mudança, de continuidade, e então é uma coisa que tem de durar, se não for por mim, será por outro, a questão é nunca parar e sempre continuar. O movimento KMAKA, [Kussondulola, Música, Artes, Kultura e Acções] com poder, batuques e palavras, nasceu para construir uma música fraterna, e criar relacionamentos com as pessoas.

Quem dá ritmo à banda Kussondulola?

Músicos saem e entram conforme a necessidade do projecto.

É o Janelo que escreve os temas do grupo? O que lhe serve de inspiração?

Jah, a minha fé, e o povo de Angola, são a razão da minha existência. Eles fizeram de mim o que eu sou hoje. A minha origem na música, os músicos da geração 60/70, de Angola, Brasil, Portugal e Jamaica, é onde está a minha inspiração musical para a escrita de canções.

Qual a música que tem mais significado para si? E o álbum?

Cada uma das minhas músicas têm sempre algo para dizer. Todas elas são importantes, mas talvez o primeiro álbum, por ser o primeiro, e porque o queria muito fazer. Mas fui destinado para fazer… O resto é história.

Que mensagens tenta passar para o público, com as suas letras?

Amor incondicional e a vontade de louvar Jah.

Qual o concerto mais memorável que recorda?

O concerto mais memorável vai ser em Angola, na minha terra natal, Luanda.

Em Portugal são um grande sucesso e dispensam apresentações. Qual a adesão ao vosso trabalho por parte dos angolanos?

Somos os primeiros a gravar reggae na África lusófona numa grande editora, a EMI, e os angolanos orgulham-se de nós. O reggae é muito forte no mundo, e quando um angolano acaba por entender que há reggae original de Angola, tem que ter na sua casa na prateleira Kussondulola, que faz parte de Angola.

Em vários temas, como o famoso “Dança no Huambo”, aborda histórias de Angola. É assim que mantém a sua ligação a Angola?

Sem dúvida. Os temas “Historia” e “Lua Luanda” do álbum “Guerrilheiro” são um bom exemplo da minha ligação com Angola.

Para si o reggae está próximo da música angolana?

Sim está. O reggae é uma continuidade da música africana na disporá. Tem influências semelhantes à música angolana, ou de África. Toda a música tem uma batida de Africa, e a partir daí tudo começou para mim. Dessas fusões da música angolana, o semba e o kilapanga com o reggae, nasceu o som de Kussondulola. “Kilapangasembareggae" de Angola.

Porque é que nunca deram um concerto em Angola?

Ainda não lançamos o hino para Angola porque ainda não surgiu o momento certo, para promover Angola com palavras sábias. Aí de certeza Jah garante uma tour em Angola.

Estrearam-se em 1995. Com vários álbuns editados e dezenas de concertos depois, o que falta fazer?

Levar para Angola o projecto KMAKA (Kussondulola, Música, Arte, Kulturas e Acções).

Foram os grandes vencedores do Prémio Banda Revelação, dos conceituados Prémios Blitz, em 1995. Que medalha falta ganhar?

Ajudar mais os povos do mundo e do meu país natal, Angola, a entender o propósito de Jah, com paz, amor e justiça.

O último lançamento foi em 2013. Editar um novo álbum está no vosso horizonte? Há planos para o futuro?

Planos para o futuro é a nossa tour 2016/17, de nome “Kudikula Kia Lelu”, que significa o grito de hoje.

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