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Fotógrafos de Angola em exposição de arte africana em Londres

Os angolanos Edson Chagas, Délio Jasse, Kiluanji Kia Henda e o moçambicano Mário Macilau fazem parte de uma exposição de artistas africanos que abre na Quinta-feira no museu de arte moderna Tate Modern, em Londres.

: Edson Chagas (foto: Facebook Camões Angola - Cooperação, Cultura e Língua)
Edson Chagas (foto: Facebook Camões Angola - Cooperação, Cultura e Língua)  

A exposição intitulada "Um Mundo em Comum: Fotografia Africana Contemporânea" reúne cerca de 100 obras em fotografia, vídeo, som e algumas instalações de 36 artistas de diferentes países e gerações.

"O que me motivou muito foi a diversidade de perspectivas. Não estava interessado numa única representação do continente, mas sim na noção de multiplicidade, em que muitas perspectivas podiam ser unidas para celebrar estas narrativas ricas e diversas", afirmou o programador, Osei Bonsu, à agência Lusa.

A exposição está dividida em sete secções com temas sobre o património cultural, a espiritualidade, identidade, o urbanismo e as alterações climáticas no continente africano.

A participação de vários artistas lusófonos, disse Bonsu, é interessante porque, "apesar de serem todas muito diferentes, olham particularmente para o tipo de relação colonial e pós-colonial entre Portugal e as suas antigas colónias".

Edson Chagas mostra nesta exposição a série "Tipo Passe", composta por retractos de pessoas vestidas de forma moderna, mas com o rosto coberto por máscaras tradicionais Bantu de várias origens, estilos e afiliações tribais.

Com este trabalho, o fotógrafo angolano reflecte sobre as identidades africanas pré-coloniais, o multiculturalismo e a formação de novas identidades formadas a partir das actuais migrações.

Nascido em Luanda em 1977, Edson Chagas, viveu e estudou em Portugal antes de frequentar fotojornalismo no London College of Communication e fotografia documental na Universidade do País de Gales.

Actualmente vive e trabalha em Luanda, onde concilia o trabalho artístico com a edição de fotografia do jornal angolano Expansão.

Interessado por questões sociais e pela relação entre o tempo e o espaço, em 2018 foi um dos galardoados com o Prémio de Arte Africana atribuído pelo Museu Nacional de Arte Africana Smithsonian.

Antes, foi um dos três finalistas seleccionados para o Prémio Novo Banco Photo 2015 e participou no Pavilhão de Angola, vencedor do Leão de Ouro na categoria "Melhor Pavilhão Nacional", na 55.ª Bienal de Veneza, em 2013.

Délio Jasse participa com "Capítulo Perdido: Nampula 1963", série de fotografias de uma família portuguesa que viveu naquela cidade moçambicana nos anos 1960, às quais sobrepôs em serigrafia carimbos ou anotações retiradas dos documentos oficiais.

Além de referências à memória e história, as imagens realçam o estatuto privilegiado dos portugueses durante o colonialismo, em contraste com a presença marginal dos moçambicanos nativos.

Jasse nasceu em Luanda em 1980, estudou em Lisboa e actualmente reside e trabalha em Milão, em Itália. Foi finalista do BES Photo Prize em 2014 e fez parte da selecção oficial da 12.ª Bienal de Dacar, no Pavilhão de Angola da 56.ª Bienal de Veneza, em 2015.

Kiluanji Kia Henda apresenta o projecto "Uma Cidade Chamada Miragem", inspirada pela explosão da construção civil em Luanda nos anos 2010, quando construiu estruturas em metal no deserto de Al-Araz, na Jordânia.

Na exposição está uma destas esculturas, bem como com conjunto de fotografias que faz parte da coleção do próprio museu Tate Modern.

Kia Henda nasceu em 1979 em Luanda, onde vive e trabalha, assumindo-se como um artista conceptual, usando vários meios no seu trabalho, como a fotografia vídeo e performance.

Em 2012, Kia Henda ganhou o Prémio Nacional de Cultura e Artes, atribuído pelo Ministério da Cultura de Angola, e em 2017 venceu o Frieze Artist Award, o primeiro artista africano a vencer este prémio, criado em 2014.

O moçambicano Mário Macilau está presente com uma série de fotografias a preto e branco realizadas na lixeira de Hulene, a maior lixeira municipal a céu aberto em Maputo, onde crianças tentam recuperar componentes eletrónicos para vender.

"As fotografias de Macilau fomentam a sensibilização social, focando na dignidade e na resiliência dos jovens, bem como as realidades subjacentes de pobreza, negligência e invisibilidade que enfrentam", lê-se no catálogo.

Autodidata nascido em Maputo em 1984, Mário Macilau é fotógrafo profissional desde 2007, e os seus projectos são habitualmente realizados a longo prazo, sobre matérias sociais e políticas, como os direitos humanos e condições ambientais.

A exposição vai estar aberta ao público de 6 de Julho a 14 de Janeiro de 2024.

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