Alexandra Moutinho apresentou esta Quarta-feira o estudo "Mine 2022", que se foca nas maiores empresas do sector ("Top 40"), descrevendo 2021 como um ano excepcional para a indústria, em que os lucros cresceram 27 por cento para 159 mil milhões de dólares (aproximadamente o mesmo em euros), valor que se prevê que diminua 1 por cento em 2022.
"A perspectiva é de crescimento de receitas, mas também de crescimento de custos e redução das margens", adiantou a responsável da consultora, durante o 2.º Fórum Banca & Mineração, organizado pela Bumbar Mining, que decorreu em Luanda.
A especialista apontou também o desequilíbrio entre a oferta e a procura de minerais críticos como uma oportunidade para Angola, que possui 36 dos 51 minerais críticos identificados a nível mundial, tendo em conta a importância destes na transição energética e descarbonização.
A Agência Internacional de Energia estima que a procura anual por minerais críticos para as tecnologias de energia limpas ultrapasse os 400 mil milhões de dólares até 2050, o que equivale atualmente às receitas anuais do carvão, indicou.
Alexandra Moutinho assinalou que a procura de minerais críticos está a aumentar "de forma galopante", havendo um enorme desajustamento do lado da oferta, sendo outro dos desafios a grande volatilidade dos preços.
Por exemplo, o lítio aumentou 280 por cento em 2021, o cobalto, 119 por cento e o cobre, 26 por cento.
A indústria mineira tem vindo por seu lado a adaptar-se a mais riscos, mais escrutínio e maior volatilidade, bem como padrões de exigência mais elevada para os operadores, e uma postura regulatória mais assertiva, salientou a directora da PwC em Angola.
Em 2021, as "top 40" viram as suas receitas aumentar 32 por cento e os lucros, 27 por cento.
As transacções de ouro representaram 70 por cento do total, mas está também a crescer o peso dos minerais críticos que atingiram os 27 por cento em 2021, sendo o valor das transações 159 por cento acima do que se registava em 2019.
Estes minerais são usados em toda a cadeia de valor do ciclo da energia de baixas emissões: lítio, níquel, cobalto e grafito para armazenamento de energia; cobre e alumínio para transmissão de energia; e silicone, urânio e terras raras para produção de energia solar, eólica e nuclear.