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CPLP: Carlos Rosado de Carvalho diz que banco de investimentos “não tem pernas para andar”

O economista angolano Carlos Rosado de Carvalho “não acredita” na materialização de um banco de investimentos para a CPLP, defendendo “urgência” na melhoria da mobilidade das pessoas, porque as acções económicas na comunidade “funcionam mais na base bilateral”.

: Lusa
Lusa  

"Não me parece que isto [banco de investimentos para a CPLP] tenha muitas pernas para andar, nem a nível bilateral, não sei se conseguimos. Acho que é uma coisa no plano das boas intenções, mas que a concretização será complicada como o próprio Presidente admitiu", afirmou esta Terça-feira Carlos Rosado de Carvalho.

Para o economista, a proposta da criação de um banco de investimentos para a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), sugerida pelo Presidente, "não é viável", mas observou, "é daquelas coisas que as comunidades quase todas têm: um braço financeiro".

"A proposta faz sentido, agora se é ou não exequível já tenho as minhas dúvidas", frisou em declarações à Lusa.

O Presidente, João Lourenço, sugeriu, no Sábado passado, a criação de um banco de investimento para a CPLP para desenvolver o potencial económico dos países que integram a organização.

"Podemos ser uma força económica relevante se trabalharmos para isso, deixamos o desafio de se começar a pensar na pertinência e viabilidade de criação de um banco de investimentos da CPLP", sugeriu João Lourenço, no discurso de encerramento da XIII Conferencia de Chefes de Estado e de Governo da CPLP, que decorreu em Luanda.

A criação de um potencial banco está alinhada com a intenção de inclusão de um novo pilar económico e empresarial, uma das prioridades da presidência angolana da CPLP, que começou no Sábado.

Esta Terça-feira, Carlos Rosado de Carvalho considerou que as acções no seio da comunidade falante da língua portuguesa "funcionam mais na base bilateral do que a nível multilateral", admitindo que "as coisas vão continuar a funcionar assim".

"Ao contrário de outras pessoas, acho que a CPLP é mais um projecto político e cultural do que económico, não tenho muitas dúvidas sobre isso, do ponto de vista económico as coisas vão funcionar e funcionam do ponto de vista bilateral", reforçou.

"Portugal é a principal fornecedor de Angola e aí as relações funcionam mais na base bilateral", apontou ainda o especialista.

Os Chefes de Estado e de Governo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), reunidos em Luanda, aprovaram o Acordo sobre a Mobilidade no espaço da comunidade.

A resolução de Conselho de Ministros aprovada na XIII cimeira da organização reafirma que a "mobilidade constitui um desígnio fulcral para a materialização da comunidade, pela sua importância para o incremento e a consolidação das relações de cooperação e amizade existentes entre os Estados-membros da CPLP e entre os seus povos, e pelo seu contributo para a aproximação da comunidade aos seus cidadãos".

No entender do também jornalista angolano, a comunidade do ponto de vista político e cultural "é importante", mas, sobretudo, realçou, o mais importante são as medidas no sentido da mobilidade das pessoas.

"Mas essa mobilidade, como o acordo diz, é uma mobilidade a várias velocidades e acho que isto é, sobretudo, porque as coisas não são iguais para todos, no caso de Angola o que os empresários se queixam mais são os vistos", disse.

"E acho que, mesmo antes de um banco de investimento, temos que melhorar a questão da mobilidade, isto está na agenda desde a criação da CPLP e é um assunto cada vez mais urgente", defendeu o economista.

A temática da mobilidade na CPLP, observou Carlos Rosado de Carvalho, "é também um assunto complicado" porque, justificou, às vezes existe a vontade política, mas depois existem outros obstáculos".

"Organizações internacionais" a que muitos países membros da CPLP pertencem foram apontadas pelo economista como alguns dos obstáculos para a concretização da mobilidade, considerando que "faz mais falta trabalhar na questão dos vistos do que propriamente num banco de investimentos".

Angola assumiu a presidência rotativa da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa para os próximos dois anos na sequência do certame de Luanda.

Apesar de nutrir "alguma expectativa" sobre a presidência de Angola nesta organização, Rosado, admite, no entanto, "não prever resultados concretos a nível multilateral, mas apenas no domínio bilateral".

"Faz sentido se falar em melhorar a cooperação económica, mas esta cooperação entre os países acho que funciona mais numa base bilateral do que multilateral e acho que o passado demonstra isso", insistiu.

Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste são os nove Estados-membros da CPLP, que celebra 25 anos.

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