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Comprar euros nas ruas já é “apenas” 40 por cento mais caro que no banco

A diferença entre as taxas de câmbio oficial e o mercado informal, para dólares e euros, face ao kwanza, voltou a diminuir no mês de Julho, com o preço da transação nas ruas de Luanda apenas 40 por cento acima.

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Numa ronda feita por alguns dos bairros da capital angolana, as “kinguilas”, como são conhecidas as mulheres que se dedicam à compra e venda de divisas na rua, transaccionam um dólar a 380 kwanzas, nova queda face à semana anterior e em sentido contrário à contínua depreciação da taxa de câmbio oficial da moeda angolana.

Com uma taxa de câmbio fixada após o último leilão de divisas pelo Banco Nacional de Angola (BNA) em 255,4 kwanzas para um dólar, uma depreciação acumulada de 35 por cento desde o início do ano, o preço de rua da nota norte-americana está assim 48 porcento acima do câmbio oficial, depois de já ter sido mais do triplo, até 2017.

O mesmo acontece com a moeda europeia e na mesma ronda realizada, a Lusa encontrou o euro a ser transacionado na rua, igualmente em bairros como Maculusso, Mutamba ou São Paulo, em média, a 420 kwanzas, ficando assim 41 por cento acima do câmbio oficial, fixando nos 297,5 kwanzas por cada euro.

Na cotação oficial, o kwanza já acumulou uma perda de praticamente 38 por cento nos seis meses do regime flutuante cambial, em que as taxas de câmbio são formadas nos leilões de divisas e a moeda europeia passou a ser a referência para Angola.

Ainda assim, aos balcões dos bancos é praticamente impossível comprar euros e dólares, devido às limitações cambiais.

"Sem qualquer desprimor para o mérito, certo é que, em Dezembro de 2017, o kwanza estava entre as quatro moedas mais sobrevalorizadas do mundo, ante um cenário de acelerada degradação das reservas internacionais e de acumulação de responsabilidades perante o exterior", reconheceu recentemente o governador do banco central angolano, José de Lima Massano.

A falta de kwanzas no mercado é a explicação apontada por todas as “kinguilas” para a manutenção prolongada da cotação do dólar e do euro nas ruas, resultando, devido à retirada de moeda de circulação física, numa valorização da moeda angolana.

Na prática, e apesar de continuar escassa a quantidade de divisas nos bancos, o preço no mercado paralelo não dispara, como aconteceu em anos anteriores.

A retirada de dinheiro de circulação física tem sido uma medida adotada pelo BNA para conter a escalada da cotação do euro e do dólar no mercado informal, alternativo, embora ilegal e a preços especulativos, para angolanos e expatriados que não conseguem comprar divisas aos balcões dos bancos, face à crise cambial.

No modelo cambial anterior, até 9 de Janeiro, a cotação era fixada directamente pelo BNA, com o kwanza indexado ao dólar norte-americano, tendo passado desde então a ser a moeda europeia a referência.

"Apesar de servir apenas como barómetro do andamento do mercado cambial formal, o diferencial entre o mercado formal e informal, ao atingir 150 por cento, passou a ter impacto directo na formação de preços e no desenvolvimento intenso de soluções não convencionais de execução de pagamentos ao exterior, podendo colocar em causa não apenas os compromissos do país no quadro do combate ao branqueamento de capitais e financiamento do terrorismo, mas também a sanidade do sistema financeiro e a viabilidade de uma de economia de mercado que se quer regrada e com previsibilidade", reconheceu o governador do BNA, a propósito das diferenças entre os dois mercados.

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