A concessão dos direitos mineiros para esta prospecção à Sociedade de Mineração Raio de Sol foi feita por despacho de 5 de Julho, assinado pelo ministro da Geologia e Minas, Francisco Queiroz.
De acordo com o teor do despacho, ao qual a Lusa teve acesso, a fase de prospecção, que se prolongará por cinco anos, prorrogáveis, envolve um investimento de 980 mil dólares, a realizar pelo grupo empreiteiro numa área de 552,7 km2 do município de Cambulo.
Além da empresa estatal Ferrangol, com uma quota de 20 por cento do capital social, a Sociedade de Mineração Raio de Sol integra ainda as empresas privadas Van Loc Tran (60 por cento), Pena D'Ouro Limitada (10 por cento) e Varejo Limitada (10 por cento).
De acordo com o presidente do conselho de administração da Agência Reguladora do Ouro, Moisés David, três toneladas daquele metal precioso serão exportadas por ano, ilegalmente. Isto implica, face a dados recolhidos pela Lusa com base na cotação oficial, uma verba de 135,7 milhões de dólares em exportações perdidas todos os anos.
Moisés David admitiu que o cenário actual é preocupante, sendo necessário estudar o fenómeno nas regiões do país que são mais afectadas pelo garimpo ilegal, como a província de Cabinda, mas também no Kwanza Norte e na Huíla.
"A prática é feita na sua maioria em regiões aluvionares ou melhor nos leitos dos rios. E se tivermos que falar só de receitas directas, as informações que temos rondam em três toneladas de ouro, que são explorados ilegalmente do país e que saem das nossas fronteiras e vão parar à Tanzânia, Dubai e outros países", afirmou Moisés David.
O responsável insistiu em que a actividade de garimpo ilegal está a atingir proporções alarmantes, defendendo o agravamento do quadro punitivo destas actividades ilícitas ou mesmo o enquadramento destes exploradores na actividade formal, sob pena de se continuarem a perder receitas.
Trata-se da primeira mina de ouro em Angola a ser explorada depois da independência, em 1975, e abrange uma área de concessão de 1930 quilómetros quadrados, conforme explicou João Diniz, administrador da empresa angolana Ferrangol, concessionária estatal do sector.
"Terá uma produção de 780 mil toneladas/ano de minério. Isto pode resultar numa produção de até 22.218 onças/ano, para começar. Estamos a falar de uma mina que pode evoluir de pequena para grande", disse na altura o administrador, realçando que a área de exploração ainda é pequena e poderá ser alargada.
Estão ainda em curso prospecções no Chipindo e Mpopo e previsto o "grande projecto integrado de Kassinga e Kassala Kitungo", sendo as províncias da Huíla e do Huambo alvo do maior interesse.
A extracção já acontece na província de Cabinda, mas de forma artesanal e por vezes ilegal, o que levou à abertura, por parte daquele ministério, de algumas lojas para a "captação" desse ouro.