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André Carvalho: “Quisemos mostrar ao mundo que Angola é um país incrível e que tem muita coisa boa para se ver e viver”

Há 15 anos, quando entrou no mundo dos clicks, foi no surf que encontrou a sua paixão. Hoje em dia, transmitir o que sente quando chega a um novo local é o mais desafiante. Fotografias de viagens passaram assim a ser a sua mira e Angola foi um dos seus alvos. André recorda a passagem pelo Sambizanga como uma experiência incrível, pelo ambiente de festa e pela essência das pessoas. Passou ainda pelo Lubango, Cabo Ledo e subiu o rio Kwanza, viagens acompanhadas sempre pela sua máquina e que lhe permitiu criar um portfólio sobre o nosso país. Para o futuro, o fotógrafo português espera tirar um projecto da gaveta e regressar, até porque “é impossível ir a Angola e não sentir logo uma relação emocional com o país”.

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André, em primeiro lugar fale-me um pouco sobre si… Onde nasceu e cresceu, que idade tem, os seus estudos…

Nasci e cresci em Lisboa em 1976, tenho 41 anos e sou licenciado em Design gráfico, profissão que partilho juntamente com a de fotógrafo.

Quando surgiu o gosto pela fotografia? Foi influenciado por alguém?

O gosto pela fotografia vem desde pequenino. O meu pai é fotojornalista e acompanhá-lo desde muito novo acabou por me influenciar, mesmo sem ter consciência disso.

E há quanto tempo se dedica a esta arte?

Profissionalmente há cerca de 15 anos.

Destaca algum fotógrafo como sua influência pessoal?

O meu pai directamente e indirectamente todos os fotógrafos que me inspiram. Do fotojornalismo à fotografia de desportos de acção, cada um à sua maneira, exerceu um influência boa em mim.

Que tipo de fotografia mais gosta de fazer? E quais os temas que mais gosta de fotografar?

Venho da fotografia de surf, que ainda adoro fotografar, mas hoje em dia o que mexe comigo é fazer fotografias de viagem. Chegar a um sítio novo e tentar transmitir o que sinto através da fotografia é sempre um grande desafio. Nas cidades tudo se passa muito rápido, as pessoas andam depressa, os carros também. Há movimento constante e gosto de conseguir captar esse movimento, são milésimos de segundo para fotografar, uns segundos depois e a foto já não está lá.

Quais os seus locais favoritos para fotografar? Onde é que ainda não esteve com a sua câmara e gostaria de estar?

Na verdade gosto de fotografar em todo o lado, mas em Angola ter a possibilidade de entrar no Sambizanga e ser muito bem recebido foi incrível! Uma experiência que nunca esquecerei. Entrei lá com os meus amigos da Produtora Bro, que na altura estavam a gravar um tele-disco com o "Manda Chuva" e o "Fogo de Deus", reconhecidos kuduristas angolanos, e o ambiente era de festa. Pessoas incríveis e super humildes foi o que encontrei num dos supostos bairros mais perigosos de Luanda... Obrigado a todos os que me receberam... Fora de Luanda tive experiência muito boas também... Lubango, Cabo Ledo e subir o rio Kwanza foi uma das surpresas mais incríveis que tive na vida. Gostaria de ir à Índia e à Islândia, são assim os dois destinos que actualmente não me saem da cabeça.

Já expôs alguma vez as suas fotografias?

Sim já expus diversas vezes e em 2015 lancei um livro de fotografia, intitulado “Navegar é Preciso”, que foi o culminar de muitas viagens por esse mundo fora.

Recentemente foi publicado um trabalho seu que retrata o dia-a-dia dos angolanos. Fale-me um pouco sobre esse projecto fotográfico.

Na verdade não foi bem um projecto, foi mais um portfólio sobre Angola, feito com fotografias que tinha das cinco ou seis vezes que estive no país. Tenho alguns projectos sobre Angola na cabeça, a ver se os consigo realizar.

Porque escolheu Angola para o portfólio? Qual a sua ligação com o nosso país?

Há muito pouco material fotográfico acerca de Angola e muito do que existe é negativo. Nós quisemos mostrar ao mundo que Angola é um país incrível e que tem muita coisa boa para se ver e viver, o objectivo da reportagem era basicamente esse. A minha relação com Angola foi sempre um misto de pessoal e profissional, pessoal porque tenho muitos amigos angolanos e porque é impossível ir a Angola e não sentir logo uma relação emocional com o país, profissional porque enquanto designer gráfico tive e continuo a ter alguns clientes em Luanda, o que obriga a algumas deslocações anuais.

Em que outros projectos já esteve envolvido? Destaca algum em particular?

Durante três anos fui fotógrafo da revista SurfPortugal onde desempenhava também a função de editor de fotografia, fui editor de fotografia do maior guia de surf em Portugal, o "Portugal Surf Guide" e em 2014 fui o fotógrafo oficial do Garrett McNamara na surf trip que ele fez por Portugal, a cargo do Turismo de Portugal. Em 2015 lancei um livro de fotografia, que foi sem dúvida o maior projecto em que estive envolvido, pela relação emocional e porque consegui eternizar o meu trabalho num suporte nobre como é um livro.

Que desafios já enfrentou enquanto fotógrafo?

Os maiores desafios são mesmo os meteorológicos... Fotografar snowboard com temperaturas negativas, fotografar surf com chuvas torrenciais ou temperaturas na ordem dos 40 graus dão cabo de nós. Todos os outros desafios fazem parte do jogo, tais como medo por estarmos em sítios mais perigosos ou algum imprevisto que possa acontecer.

Já recebeu algum prémio fotográfico?

Já recebi sim, em 2015 recebi o mais prestigiado prémio de fotografia de surf o "Ondas de Ouro", onde venci na categoria "Fotografia do Ano".

Por fim, quais os seus planos para o futuro? Voltar a Angola com um novo projecto está no horizonte?

No futuro, o meu plano primordial trata-se de fazer o meu filho o mais feliz possível todos os dias, depois, tenho um projecto muito engraçado com um Chef conhecido, mas que ainda não sei se vai para a frente… Voltar a Angola e fazer um projecto de fundo sobre as ondas e o surf está no meu horizonte, por isso fica a dica às entidades competentes para me fazerem um convite para voltar ao incrível país que é Angola, uma vez mais!

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