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Economia

Desemprego, inflação e cortes sociais foram os maiores problemas em 2015

O desemprego, redução do poder de compra pela inflação e desvalorização da moeda agravaram as dificuldades em 2015, mas a crise no país fez-se sentir ainda com cortes na educação e saúde, segundo um relatório.

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A conclusão foi transmitida Terça-feira em Luanda pelo especialista Osvaldo Silva durante a apresentação do Relatório Social de 2015, produzido pelo Centro de Estudos e Investigação Científica (CEIC) da Universidade Católica, e marcado pelas consequências da crise com quebra nos rendimentos na exportação de petróleo.

"O ano de 2015 foi de balanços negativos, socialmente. Não atingimos nenhuma das metas e, ao contrário daquilo que são os dados oficiais, nem mediamente cumprimos os compromissos internacionais. É o que os dados que apresentamos mostram", afirmou Osvaldo Silva, referindo-se ao relatório divulgado Terça-feira.

Pela análise e tratamento dos dados oficiais disponíveis, o documento conclui que o país registou uma "deterioração generalizada das condições de vida da população e, no mínimo, um agravamento do défice de participação democrática", por razões que são "tanto económicas, como políticas".

Refere como exemplo que o Produto Interno Bruto (PIB) aumentou, de 2014 para 2015, apenas 2,8 por cento, o que "quase nem cobre o crescimento populacional de 2,7 por cento", ou ainda o rendimento médio da população "diminui consideravelmente, interrompendo uma sequência temporal positiva".

O documento refere que o PIB per capita passou de 5.014 dólares (por habitante) em 2014 para 3.856 dólares em 2015.

"Por outro lado, assistiu-se à manutenção da repartição injusta da riqueza nacional, através da restrição do acesso a bens e serviços sociais, nomeadamente saúde e educação, bem como à manutenção do funcionamento deficitário do espaço público", lê-se.

Além do desemprego, com uma taxa entre os 20 a 24 por cento, Osvaldo Silva, que apresentou este relatório, explicou que devido aos cortes do Estado resultantes da quebra para metade na receita com a exportação petrolífera, os angolanos enfrentaram em 2015 um "forte impacto" da crise ao recorrerem a bens e serviços sociais, assegurados pelo Estado.

"Mas o problema não diz apenas respeito à crise económica, também se coloca naquilo que são as políticas e as previsões oficiais, que devem ser automaticamente refeitas, porque não tiveram bases sólidas", aponta.

Osvaldo Silva afirma que além da revisão das projecções de desenvolvimento, desfasadas da realidade mas que orientam a política do Governo, é preciso "ao mesmo tempo" canalizar financiamento público para a construção de escolas, contratação e formação de professores, construção de hospitais e para medicina preventiva, áreas que sofreram com as dificuldades de 2015.

Com base nas conclusões do Relatório Social da Universidade Católica, recorda que as projecções do Governo estão agora fundamentadas "em dados errados" e que são "contrariados" pelas próprias conclusões do Censo da população, realizado em Maio de 2014 e cujos dados definitivos só foram conhecidos quase dois anos depois.

"O ano de 2015 é de facto um ano que nos deve servir de base para uma outra perspectiva de desenvolvimento, revendo as nossas projecções de desenvolvimento, bem como o modelo de desenvolvimento e o projecto em curso", assumiu o especialista do CEIC.

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