"No actual contexto, marcado por muita incerteza e riscos, teria sido prudente pedir ajuda financeira", disse Tiago Dionísio à Lusa, argumentando que "as medidas associadas a um pacote de ajuda financeira poderiam ajudar a acelerar o processo de diversificação e na implementação de algumas reformas estruturais e isso seria bem visto internacionalmente".
Para este consultor, "essas medidas seriam exigentes e muito provavelmente bastante duras para os angolanos", pelo que o Governo deverá ter tido "em consideração que há eleições daqui a cerca de um ano; a questão social foi certamente tida em conta na decisão de seguir apenas com o apoio técnico do FMI".
Angola, disse Tiago Dionísio, deverá "continuar a fazer o que têm feito até agora, que é gerir a situação no curto prazo, pedir empréstimos à China e a outros parceiros, continuar a receber ajuda técnica do FMI e esperar que o preço do petróleo continue a recuperar".
No final do mês passado, o Wall Street Journal noticiou que Angola está a negociar com o Goldman Sachs e com Gemcorp Capital um conjunto de novos empréstimos de mil milhões de dólares, incluindo um especificamente para medicamentos e alimentos, e que alargam o acordado com o Banco Mundial no ano passado - um empréstimo de 450 milhões e uma garantia de 200 milhões.
"Apesar das dificuldades que o país tem atravessado devido à queda do preço do petróleo, o montante de reservas internacionais no Banco Nacional de Angola têm-se mantido relativamente estável nos últimos meses, próximo dos 24,4 mil milhões de dólares, permitindo uma cobertura de cerca de oito meses de importações, o que é considerado um nível confortável", disse Tiago Dionísio, concluindo que "tudo indica que Angola parece estar em condições de enfrentar o actual contexto adverso sem necessidade de recorrer a ajuda financeira do Fundo".
Ainda assim, concluiu, "um pacote de ajuda financeira do FMI levaria a que as autoridades angolanas tivessem que implementar medidas estruturais mais exigentes e isso poderia, por exemplo, acelerar o processo de diversificação da economia, o que seria positivo para o país e provavelmente seria bem recebido por parte dos investidores internacionais".